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As 7 CPIs que balançaram o Brasil nas últimas décadas

As CPIs já levaram à cassação de mandatos, à prisão de um juiz e até ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

Cúpula da Câmara à noite (Divulgação/ Câmara/ Rodolfo Stuckert)

Cúpula da Câmara à noite (Divulgação/ Câmara/ Rodolfo Stuckert)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 06h00.

São Paulo – A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras está prevista para começar a operar nesta quinta-feira (26) na Câmara dos Deputados e deve esquentar o clima de acusações no caso de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a estatal.

A comissão foi criada para analisar denúncias de corrupção na empresa de 2005 a 2015. Segundo a oposição, foi em 2005 que começaram as negociações para a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Já o PT quer incluir nas investigações o período do governo FHC. Em depoimento, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou ter começado a receber propina na estatal em 1997.

A investigação parlamentar começa poucos meses após o encerramento de outra CPI sobre o mesmo caso, que terminou sem muitos avanços. Mesmo assim, a nova CPI da Petrobras gera apreensão no governo e em deputados que podem ser citados como envolvidos no caso.

Outras CPIs importantes já levaram à cassação de mandatos, à prisão de um juiz e até ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

Veja a seguir as sete CPIs que abalaram o país nos últimos 23 anos.

CPI do PC Farias – 1992

Foi a primeira CPI de peso desde o fim da Ditadura Militar. A comissão investigou esquema de corrupção envolvendo o empresário Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à presidência da República. Collor foi eleito em 1989.

O esquema de corrupção foi denunciado pelo irmão do presidente, Pedro Collor. A partir da denúncia, foram descobertas empresas fantasmas, venda de favores e favorecimento de empresas em obras públicas. O trabalho da CPI levou ao pedido de impeachment de Collor, que renunciou antes de ser condenado. PC Farias foi encontrado morto, junto com sua namorada Suzana Marcolino, em 1996.

CPI dos Anões do Orçamento – 1993

A comissão investigou o desvio de dinheiro do Orçamento da União e levou à cassação de seis parlamentares. No esquema, deputados e senadores manipulavam emendas parlamentes com o objetivo de desviar dinheiro. O caso ficou conhecido como “anões do orçamento” pois envolvia principalmente parlamentares com pouca projeção política, considerados “anões do poder”. Um dos principais nomes envolvidos foi João Alves, deputado apontado como chefe do esquema. Alves renunciou ao mandato na época para evitar a cassação. Ele morreu em 2004.

CPI do Judiciário – 1999

Instalada no Senado para investigar denúncias de corrupção nos tribunais, a comissão revelou esquema de desvio de verbas públicas destinadas à obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. O caso levou à condenação do juiz Nicolau dos Santos Neves, o Lalau, ex-presidente do TRT paulista. Também levou à cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF) dono do grupo OK, responsável pela construção do fórum. Estima-se que tenham sido desviados R$ 169,5 milhões.

CPI do Banestado – 2003

A comissão apurou denúncias de envio ilegal de até R$ 150 bilhões ao exterior, , envolvendo, entre outros bancos, o Banestado (Banco do Estado do Paraná).Foi uma das mais extensas investigações do Legislativo: no total, a CPI requisitou a quebra de mais de 1.700 sigilos bancários.
A evasão de dinheiro teria ocorrido entre 1996 e 2002, envolvendo até 200 pessoas. No relatório final, o relator da comissão, deputado José Mentor (PT), pediu 91 indiciamentos, incluindo o do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. No entanto, o relatório final da CPI nunca foi votado pelos parlamentares.

CPI dos Correios – 2005

Criada inicialmente para investigar denúncias de corrupção nos Correios, a CPMI terminou apurando o escândalo do mensalão. O estopim do caso veio com a revelação de um vídeo em que um funcionário dos Correios recebe dinheiro de empresários e diz ter a autorização do deputado federal Roberto Jefferson (PTB).

Após ter seu nome citado, Jefferson deu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo a respeito do mensalão. Com isso, a CPMI dos Correios se desdobrou numa outra investigação, a CPI do Mensalão.

CPI dos Bingos – 2006

A investigação começou para investigar a relação entre o bicheiro Carlos Cachoeira e Waldomiro Diniz, assessor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. No entanto, ao longo das investigações, a comissão passou a abranger uma série de outros temas e ganhou o apelido de “CPI do Fim do Mundo”.

Foram investigados os esquemas de caixa dois do PT no interior paulista, os assassinatos de prefeitos do partido, Toninho do PT (Campinas) e Celso Daniel (Santo André), entre outros temas. Um dos principais momentos da comissão foi o depoimento do caseiro Francenildo Costa, que acusou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de frequentar uma mansão de lobistas em Brasília. O relatório final da CPI pediu o indiciamento de 48 pessoas, dentre elas o bicheiro Carlos Cachoeira.

CPI dos Sanguessugas – 2006

A comissão foi uma das que envolveu mais parlamentares – seu relatório final pediu a abertura de processo disciplinar contra 69 deputados e três senadores por suposto envolvimento em desvios de recursos da área da saúde. Os suspeitos teriam ligação com uma quadrilha que desviava dinheiro destinado à compra de ambulâncias. Nenhum deles foi punido pelos colegas.

Além dos parlamentares, a CPI pediu indiciamento de seis envolvidos numa suposta tentativa de compra de um dossiê anti-tucano para as eleições. Pessoas ligadas ao PT teriam a intenção de comprar documentos que ligariam o então candidato ao governo de São Paulo José Serra (PSDB) ao esquema investigado na CPI. 

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