O número de mortos pela PM em setembro foi 75% maior do que no mesmo mês do ano passado (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2012 às 10h58.
São Paulo - São Paulo registrou em setembro 42 casos de resistência seguida de morte - supostos confrontos envolvendo policiais militares, que terminam com os suspeitos mortos. Foi dessa forma que PMs tentaram caracterizar a execução do servente Paulo Batista do Nascimento, de 25 anos, no sábado, no Campo Limpo, na zona sul da capital.
O tenente Halstons Kay Tin Chen, de 24 anos, e os soldados Diogenes Marcelino de Melo, de 37, Jailson Pimentel de Almeida, de 39, Marcelo de Oliveira Silva, de 32, e Francisco Anderson Henrique, também de 32, acusados de participarem da ação, foram presos pela corregedoria.
Eles disseram que Nascimento teria reagido à prisão e atirado contra a guarnição, mas imagens gravadas por um morador mostram que ele estava dominado quando foi retirado da casa onde se escondia. Outro suspeito foi morto em suposto confronto e um terceiro acabou preso.
No bairro, moradores temem retaliação. "Cinco foram presos, mas e os outros? Todo mundo fica com medo de que voltem aqui", disse um rapaz. Policiais da Corregedoria da PM, à paisana, foram ontem até o local de onde foram feitas as imagens. Eles conversaram com as pessoas que vivem no sobrado.
Segundo vizinhos, não foi o dono da casa que fez o vídeo. "O pior é que a mulher dele tem síndrome do pânico. Desse jeito, vão ter de se mudar", disse um morador. Segundo ele, abordagens violentas são comuns no bairro.
O número de mortos pela PM em setembro foi 75% maior do que no mesmo mês do ano passado. A PM matou 369 pessoas entre janeiro e setembro, quase três a cada dois dias em média, 10% mais do que no mesmo período de 2011. A PM teve também o terceiro trimestre mais violento desde 2004 (140 mortos). Foi um aumento de 52,2% em comparação com igual período de 2011.
Em nota, a PM disse que "não compactua com desvios de conduta de seus integrantes, motivo pelo qual adotou, de imediato, medidas administrativas e legais a fim de investigar todas as circunstâncias". Já o governador Geraldo Alckmin lembrou que São Paulo tem a maior corregedoria do Brasil. "A tolerância é zero. Crime é crime, seja fardado ou não fardado. Não toleramos execução."