Lula: candidato está preso na carceragem da PF em Curitiba desde o ano passado (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2019 às 06h35.
Última atualização em 26 de abril de 2019 às 14h24.
Após um imbróglio que vem desde antes das eleições do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai finalmente falar à imprensa nesta sexta-feira. Somente os jornais Folha de S.Paulo e o El Pais foram autorizados a ouvir o presidente, em conversas marcadas para 10h.
As entrevistas estavam autorizadas há uma semana, mas voltaram às manchetes nesta quinta-feira porque, pela manhã, a Polícia Federal autorizou outros veículos a acompanhar. Segundo o UOL, a autorização foi feita sem consultar a defesa do ex-presidente, que é contra abrir a conversa a veículos que não foram escolhidos por ele. No fim da tarde, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, barrou a decisão da PF e reforçou que as entrevistas seriam exclusivas.
O ex-presidente está preso na superintendência da PF em Curitiba desde abril do ano passado, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do triplex do Guarujá. Folha e El País haviam solicitado as entrevistas em setembro, antes das eleições presidenciais. Lula havia concordado em falar a estes veículos e, na ocasião, Lewandowski concedeu autorização, mas as entrevistas foram suspensas pelo também ministro do STF, Luiz Fux. Fux até mesmo proibiu que o conteúdo fosse divulgada caso as entrevistas já tivessem sido feitas.
Críticos afirmam que a proibição da entrevista influenciou no processo eleitoral e ressaltam que o direito à liberdade de expressão, mesmo em situação de prisão, está na Constituição. Nomes como o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e os traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP já falaram à imprensa mesmo atrás das grades.
Será a primeira vez que Lula falará desde que foi preso. Neste tempo, a esquerda viu Fernando Haddad (PT) perder as eleições presidenciais e segue em um limbo de lideranças para fazer oposição ao governo de Jair Bolsonaro e para se organizar para as eleições municipais do ano que vem. Assim, embora não seja tão decisiva quanto seria se tivesse sido autorizada às vésperas da eleição, a entrevista ainda trará pontos importantes para entender o futuro da política brasileira. A ver se o ex-presidente irá além da narrativa de perseguição.