STF: Corte se prepara para novas frentes de investigação após julgamento de Bolsonaro (Gustavo Moreno/SCO/STF/Divulgação)
Repórter
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 06h57.
A partir desta terça-feira, 9, com o último núcleo da tentativa de golpe em análise, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a colocar sua atenção para outros casos.
Entre elas, apurações sobre o uso indevido de emendas parlamentares, investigações sobre o crime organizado e o aguardado julgamento dos acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), previsto para fevereiro de 2026.
O STF deve julgar em fevereiro o grupo acusado de planejar a morte de Marielle, crime que completa oito anos em março. Estarão no banco dos réus o ex-deputado Chiquinho Brazão, seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ), Domingos Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do estado, Rivaldo Barbosa.
Outros dois réus também integram a ação penal. Todos negam envolvimento no caso.
Apesar de estar pronto para julgamento desde junho, o processo foi adiado para dar lugar à série de julgamentos da trama golpista, realizada ao longo do segundo semestre.
O relator da ação é o ministro Alexandre de Moraes, que também lidera outras investigações sensíveis com desdobramentos políticos no Rio de Janeiro.
Na semana passada, Moraes ordenou a prisão de Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), sob acusação de obstrução de Justiça.
Na mesma decisão, o ministro indicou que pretende apurar indícios de “infiltração política” do crime organizado no estado, com base em elementos reunidos na ADPF das Favelas.
Outro caso pronto para análise envolve três parlamentares do PL acusados de negociar emendas parlamentares: os deputados Josimar Maranhãozinho e Pastor Gil, ambos do Maranhão, e o suplente Bosco Costa, de Sergipe. É o processo mais avançado sobre o uso irregular de emendas no Supremo e deve ser analisado pela Primeira Turma, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin.
Além da ação penal, diversas investigações sobre o tema seguem em andamento, a maior parte em sigilo. Algumas já resultaram em operações da Polícia Federal.
No mesmo eixo de investigação, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) segue sob análise da Procuradoria-Geral da República (PGR) após ter sido indiciado pela PF em junho por suposta participação na chamada "Abin paralela". A corporação também apontou a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro no esquema. Carlos nega qualquer vínculo com a estrutura e afirmou que jamais recebeu informações da agência.]
Apesar da condenação de Jair Bolsonaro no processo da tentativa de golpe, o caso ainda rende desdobramentos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) virou réu por coação, acusado de atuar nos Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras. Ele nega ter defendido a absolvição do pai e alega que buscava apenas aprovar uma proposta de anistia no Congresso.
A denúncia foi aceita após a notificação ser realizada por meio do Diário de Justiça, já que o parlamentar se mudou recentemente para os EUA.
Outro nome associado ao caso é o influenciador Paulo Figueiredo Filho, denunciado em dois processos distintos: um em conjunto com Eduardo Bolsonaro e outro ao lado de outros acusados do golpe.
Como vive nos Estados Unidos e não foi notificado, os processos ainda não têm data para julgamento. Figueiredo alega perseguição política.
A Corte entrará em 2026 com foco em casos que envolvem figuras de alto escalão, possíveis conexões com o crime organizado e um crime de repercussão nacional ainda sem desfecho judicial.
*Com informações do O Globo