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Após reunião, policiais decidem manter greve na Bahia

Os grevistas fizeram uma reunião que terminou nesta noite e deixaram o local gritando que a greve vai continuar, sem falar com a imprensa

Pelo menos 150 homicídios foram registrados desde o início do movimento (Mateus PereiraSecom)

Pelo menos 150 homicídios foram registrados desde o início do movimento (Mateus PereiraSecom)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 20h04.

Salvador - Policiais militares decidiram nesta quinta-feira manter a greve na Bahia, após a realização de uma assembleia. A paralisação, iniciada em 31 de janeiro, mergulhou o Estado numa crise, com o aumento no número de mortos.

Pelo menos 150 homicídios foram registrados desde o início do movimento.

Os grevistas fizeram uma reunião que terminou nesta noite e deixaram o local gritando que a greve vai continuar, sem falar com a imprensa.

Mais cedo, cerca de 245 policiais e familiares em greve desocuparam pacificamente a sede da Assembleia Legislativa do Estado e dois líderes da paralisação foram detidos e levados para um batalhão do Exército.

O líder da greve, Marco Prisco, e outro dirigente do grupo, Antônio Paulo Angelini, deixaram a Assembleia pela porta de trás e foram levados para o Batalhão da Polícia do Exército da capital baiana, segundo tenente-coronel Márcio Cunha, diretor de Comunicação Social da 6a Região do Exército em Salvador.

Os nomes de Prisco e de Angelini constavam entre os 12 mandados de prisão emitidos contra líderes da greve pela Justiça.

O governo baiano informou que as cinco primeiras pessoas começaram a sair do prédio da Assembleia por volta das 0h30 desta quinta, depois de terem sido informadas de reportagem veiculada no Jornal Nacional, da Rede Globo, que provaria que Prisco, expulso da Polícia Militar após uma greve em 2001, comandou atos de vandalismo praticados em Salvador desde 2 de fevereiro.

Nesta quinta, durante visita a obras da ferrovia Transnordestina, em Parnamirim (PE), a presidente Dilma Rousseff se disse "estarrecida" com as informações de que PMs teriam promovido atos de vandalismo e posicionou-se contra uma anistia a policiais que tenham cometido crimes.

"Numa democracia você sempre tem que considerar legítimas as reivindicações, mas há formas de reivindicar, e eu não considero que aumento de homicídio na rua, queima de ônibus, entrada em ônibus encapuzado seja uma forma correta de conduzir um movimento", disse.

"Atos ilícitos, crimes contra o patrimônio, crimes contra a pessoa, crimes contra a ordem pública não podem ser anistiados. Se você anistiar, aí vira um país sem regra."

Aumento salarial no Rio

De acordo com as gravações divulgadas, os líderes do movimento grevista na Bahia pretendiam espalhar o movimento para o Rio de Janeiro. O cabo do Corpo de Bombeiros do Rio Benevenuto Daciolo, cuja voz aparece nas gravações, foi preso nesta quinta.

A ameaça de greve levou a Assembleia Legislativa fluminense a aprovar nesta quinta um reajuste salarial para policiais militares e bombeiros do Estado.

As autoridades do Rio, no entanto, se preparam para uma eventual paralisação e, em reunião com autoridades federais nesta quinta, já ficou acertada a ajuda de 13 mil homens das Forças Armadas e 300 da Força Nacional de Segurança Pública caso ocorra uma greve.

A paralisação da PM na Bahia e a ameaça de que o movimento se espalhasse para outros Estados reacendeu no Congresso Nacional os debates sobre a PEC 300, proposta de emenda à Constituição que estabelece a obrigatoriedade de um piso salarial para todos os policiais militares e bombeiros do país.

Danos ao Turismo

A paralisação da Polícia Militar da Bahia cancelou algumas das tradicionais festas pré-Carnaval de Salvador e, a alguns dias do início da festa, já tinha impacto negativo na época mais lucrativa para o turismo da cidade.

A paralisação da polícia elevou os índices de roubos, assaltos e homicídios da Bahia, Estado que tem uma das maiores taxas de criminalidade do país.

Mais de 3 mil homens das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública foram enviados às ruas da Bahia para manter a ordem durante a greve, que era apoiada por cerca de 20 por cento dos 31 mil policiais militares, segundo estimativas da PM baiana.

Nesta quinta o clima era de tranquilidade nos principais pontos turísticos da capital baiana, como o Pelourinho e o Farol da Barra. Ao menos nessas regiões, os turistas caminhavam tranquilamente sob a vigilância das tropas federais.

Os policiais grevistas pedem reajuste salarial e incremento nas gratificações. A principal reivindicação e que tem gerado impasse, no entanto, é o pedido de revogação dos mandados de prisão aos líderes do movimento e a concessão de anistia aos grevistas.

O governador Jacques Wagner (PT) ofereceu reajuste de 6,5 por cento retroativo a 1o de janeiro e aumento escalonado nas gratificações dos PMs. Ele tem, no entanto, resistido à concessão de anistia aos grevistas.

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