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Após prisão de guarda, agentes são ouvidos sobre chacina em SP

Um grupo de cinco jovens, que morava na região de São Mateus, desapareceu no dia 21 de outubro ao sair para uma festa

Violência: os corpos foram encontrados na última segunda em estágio avançado de decomposição (Thinckstock/Thinkstock)
AB

Agência Brasil

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h20.

Após a prisão de um guarda-civil metropolitano de Santo André, na Grande São Paulo , outros membros da corporação prestam hoje (11) depoimento sobre o caso do assassinato de cinco jovens.

O grupo, que morava na região de São Mateus, na zona leste paulistana, desapareceu no dia 21 de outubro ao sair para uma festa.

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Os corpos foram encontrados na última segunda-feira (7) em estágio avançado de decomposição em um matagal em Mogi das Cruzes.

O guarda Rodrigo Gonçalves Oliveira está preso desde ontem (10). Segundo a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Elizabete Sato, ele admitiu ter um perfil feminino falso no Facebook e ter usado essa identidade para atrair os jovens para uma festa fictícia em uma chácara.

Em depoimento, Oliveira disse que já tinha a conta na rede social há um ano e que no último mês começou a se corresponder com dois dos jovens mortos - César Augusto Gomes Silva, de 20 anos, e Caique Henrique Machado Silva, 18 anos.

Vingança

O guarda-civil disse ter se aproximado dos jovens porque um informante indicou que os dois teriam participado do assassinato do também guarda metropolitano de Santo André Rodrigo Sabino, no dia 24 de setembro.

Oliveira disse que tinha a intenção de prender os jovens. Para isso, marcou um encontro com eles em uma rodovia da região, a partir de onde, na farsa que havia elaborado, levaria o grupo para a festa.

Nesse ponto, Elizabete Sato diz que a história de Oliveira tem elementos "inverossímeis". "Me parece lógico que uma pessoa sozinha não iria prender cinco pessoas", ressaltou a diretora do DHPP ao afirmar que, provavelmente, o guarda teve a ajuda de comparsas. Oliveira nega, entretanto, ter participado das execuções. Segundo ele, o grupo simplesmente não chegou ao ponto de encontro.

Porém, em depoimento, o guarda-civil contou que no enterro do colega foi procurado por diversos amigos e conhecidos do morto, alguns também membros da Guarda-civil, além de policiais para planejar uma vingança.

"No dia do sepultamento, todos se apresentavam para ele e entregavam o celular: 'olha, estou à disposição, se precisar de alguma coisa'. É como se ele fosse entendido como um líder daquele grupo", disse a diretora, com base no relato do preso.

Durante a troca de mensagens pelo Facebook, o guarda-civil ganhou a confiança dos jovens, segundo o delegado da Delegacia de Homicídios Múltiplos, Luiz Fernando Teixeira.

Com isso, ele identificou outros rapazes que praticam crimes na região. "São um grupo de rapazes que costumam praticar furtos e roubos na região".

Assim, aproveitou para atrair todos para a emboscada que culminou na morte dos cinco. Além de César e Caique, foram executados Jonathan Moreira Ferreira, 18 anos; Robson Fernando Donato de Paula, 17 anos, que é cadeirante; e Jonas Ferreira Januário, 30 anos, que dirigia o carro, contratado pelos demais.

Participação de policiais militares

O local onde os corpos foram encontrados foi modificado ao menos duas vezes, de acordo com o relato do caseiro que descobriu as covas rasas e notificou as autoridades.

De acordo com o depoimento, ele identificou a localização dos restos mortais dos rapazes pelo cheiro forte e pela movimentação dos urubus. O funcionário do sítio chamou então a Polícia Militar (PM), que não encontrou o ponto indicado.

"Há informação de que o local foi sucessivamente alterado ao longo dos dias por parte da pessoa que havia chamado a polícia. Inconformado com o trabalho mal realizado pelo policial, passou, ele próprio, a procurar o local até encontrar. A partir daí que ele constata que o local vinha sendo adulterado", disse o corregedor da PM, Levy Felix.

Da primeira vez que o caseiro esteve no local, apenas o pé de umas das vítimas estava à mostra. Nos dias seguintes, a terra foi removida e foi jogado cal sobre os restos mortais.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Barbosa, também foram deixados cartuchos de munição de lotes comprados para batalhões que atuam na região.

"Aquela pessoa que viu os corpos na primeira oportunidade não encontrou nenhum estojo de munição no local. Depois surgiram munição de lotes adquiridos tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Militar", destacou o secretário ao dizer que houve uma tentativa de desviar o foco das investigações.

Para Mágino Barbosa, as interferências no local do crime enfraquecem a hipótese da participação de policiais no crime. O envolvimento de PMs, no entanto, não está descartado, e a corregedoria continua investigando o caso.

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