Brasil

Após preservar Renan, STF amarga crise interna

Decisão sobre presidente do Senado provocou críticas nas redes sociais e na sociedade

Em conversas privadas, Marco Aurélio teria afirmado que o Supremo errou ao abrandar a pena ao presidente do Senado (Agência Brasil)

Em conversas privadas, Marco Aurélio teria afirmado que o Supremo errou ao abrandar a pena ao presidente do Senado (Agência Brasil)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 16h37.

Última atualização em 9 de dezembro de 2016 às 19h14.

Brasília – Desde que decidiu manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, na última quarta-feira (7), o Supremo Tribunal Federal (STF) amarga com  divergências internas que podem se tornar irreparáveis.

Os ministros Marco Aurélio Mello, autor da liminar que pedia o afastamento do peemedebista do comando do Senado, Edson Fachin e Rosa Weber, que o acompanharam no voto, não teriam digerido bem a decisão de poupar Renan. A interlocutores, os três teriam admitido que o desfecho evidenciou problemas internos e ampliou o aborrecimento entre os magistrados.

Em conversas privadas, Marco Aurélio teria afirmado que o Supremo errou ao abrandar a pena para o presidente do Senado, que desrespeitou a decisão liminar sobre seu afastamento. Além de ter ignorado a liminar, Renan não assinou a notificação que um oficial de Justiça tentou, por três vezes, entregar a ele.

Entre os membros da mais alta Corte do país, a reação de Renan foi encarada como uma afronta. Tanto que, durante seu voto, a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, deixou claro o desconforto: "Dar as costas para um oficial de Justiça é o mesmo que dar as costas para o poder Judiciário”, afirmou antes de votar pela manutenção do peemedebista na presidência da Casa. 

Para além do incômodo entre os pares, a decisão da maioria dos ministros coloca em xeque a própria credibilidade da mais alta instituição jurídica do país. Os ministros que votaram pelo afastamento de Renan temem que o julgamento seja visto como um acordo entre os poderes, principalmente se o Senado derrubar o projeto de lei de abuso de autoridade.

 

Em seu voto, o ministro Marco Aurélio  não economizou nas críticas. Ele questionou qual seria o custo para o Supremo em blindar Renan Calheiros e deu a resposta: “Será um desprestígio para o STF, aos olhos da comunidade jurídica e da sociedade, se o afastamento de Renan não ocorrer”.

Acompanhe tudo sobre:Renan CalheirosSenadoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final