Após lockdown, Fortaleza diz que pico da covid-19 passou
Nas últimas semanas, capital do Ceará registra queda nos casos diários do coronavírus, mas reabertura gradual preocupa autoridades sobre 2ª onda
Clara Cerioni
Publicado em 13 de junho de 2020 às 10h36.
Última atualização em 13 de junho de 2020 às 10h41.
A secretaria de Saúde de Fortaleza , capital do Ceará, anunciou nesta sexta-feira, 12, que a cidade vem apresentando "uma importante desaceleração" na transmissão do novo coronavírus, principalmente, nas duas últimas semanas. Até agora a capital registra 30.973 casos confirmados da doença e 2.848 óbitos.
Segundo informações do boletim epidemiológico, o pico da covid-19 já foi superado e ocorreu na transição entre os meses de abril e maio, em um intervalo de vinte dias. "Primeiro houve uma onda epidêmica até o fim de março, e depois outra de maior magnitude que cresce a partir do início de abril até meados de maio, quando inicia consistente tendência de redução do número diário de casos", diz o documento.
Na figura a seguir é possível observar a tendência de queda dos diagnósticos diários da capital cearense. Enquanto em abril, a cidade chegou a registrar mais de 1,2 mil casos confirmados em um dia, nesta última semana há dias com menos de 60 testes positivos para a covid-19.
Fortaleza ficou mais de 50 dias com medidas de isolamento, cuja maior parte se deu em lockdown. A capital foi uma das únicas do Brasil a adotar a medida mais restritiva durante praticamente todo o mês de maio.
O infectologista da Secretaria de Saúde de Fortaleza, Antônio Silva Lima Neto, disse ao UOL não saber o que teria sido de Fortaleza sem o lockdown. "Estimativas apontam que evitamos em torno de 9 mil mortes", disse.
Com os resultados positivos da medida, o governador Camilo Santana (PT) e o prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) anunciaram uma reabertura gradual da economia nesta semana, mas ainda mantendo as medidas de distanciamento social.
Ambos, no entanto, demonstram preocupação com uma segunda onda de casos, caso a população não mantenha as medidas de distanciamento e higiene. No boletim epidemiológico desta semana, há também esse ponto de atenção.
"O declínio dos casos novos ainda poderia, em tese, ser interrompido e até revertido por fatores externos que induzissem um veloz e significativo aumento da circulação viral", diz o documento.
Isso porque, mesmo com 2.139 leitos exclusivos para Covid-19 no Ceará, o sistema ainda opera na capacidade máxima de atendimento.