Brasil

Indústria da moda de Nova Friburgo volta, aos poucos, a contratar

Setor espera que feira no fim de julho consiga reerguer a indústria na região depois das chuvas em janeiro

Área destruída pelas chuvas Nova Friburgo: indústria da moda e a cidade se recuperam (Valter Campanato/Agência Brasil)

Área destruída pelas chuvas Nova Friburgo: indústria da moda e a cidade se recuperam (Valter Campanato/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2011 às 16h16.

Rio de Janeiro - Após as enxurradas de janeiro, que provocaram mortes e destruição na região serrana fluminense, só agora os empresários da indústria de vestuário de Nova Friburgo voltaram a receber pedidos. “As pessoas estão com uma perspectiva boa”, afirmou à Agência Brasil a presidenta do Conselho da Moda do município e vice-presidenta do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindvest), Nelci Layola.

Ela acredita que a próxima feira de vestuário, programada para o fim de junho, poderá surtir um resultado positivo sobre as vendas do setor. ”A gente está apostando muito nessa feira para mudar a imagem de destruição que foi levada para o mundo inteiro. Porque muitas pessoas ainda perguntam se [Nova] Friburgo não acabou”.

Nelci Layola disse que as pessoas estão receosas de subir a serra porque pensam que as cenas de barrancos caindo podem se repetir a qualquer momento, em caso de chuva. Esclareceu, contudo, que as vias já estão liberadas e as lojas se encontram em pleno funcionamento. “Quem foi muito atingido já conseguiu limpar a lama, conseguiu colocar as coisas para funcionar”. As promoções feitas pelo comércio locar também conseguiram trazer alguns clientes de volta, disse.

Nelci afirmou que, por desinformação, os compradores de maior porte da indústria local é que ainda estão com receio de ir a Nova Friburgo. “Por isso, a gente está querendo fazer essa feira do vestuário, envolver a cidade toda no evento e divulgar o máximo possível, para mostrar que o Polo [de Moda Íntima] existe, que ele sobreviveu e que vai continuar existindo. Essa é a mensagem que a gente quer passar, para ver se a economia da cidade volta ao normal”.

O setor de vestuário de Nova Friburgo emprega 80% da mão de obra da indústria local. Isso significa entre 8 mil e 9 mil pessoas. “É um polo muito grande. Um abalo dentro desse polo é um desemprego em massa”. Por isso, a preocupação do empresariado local é conservar os postos de trabalho.

O Conselho de Moda e o Sindvest registraram o problema de êxodo de mão de obra um mês após a tragédia que abalou a economia local. As demissões voluntárias ocorreram em função da catástrofe. Muitos dos funcionários das fábricas que funcionavam nos bairros atingidos pelas enxurradas perderam tudo. “Isso gerou um desânimo geral nas pessoas. Às vezes, não era a funcionária que desejava ir embora, mas o marido. E ele acabava arrastando a mulher também”.

Agora, a situação já estabilizou e as confecções estão fazendo novas contratações. “De certa forma, a vida tem que continuar e o trabalho também”. Cerca de 160 micro, pequenas e médias confecções são filiadas ao Sindvest.

Em janeiro, as vendas foram quase nulas no município. Em fevereiro, houve uma ligeira melhora mas, em março, o movimento foi prejudicado pelo carnaval, como costuma ocorrer nessa data. Nelci estimou que a retração nas vendas de todo o polo de moda de Nova Friburgo chegou a 60% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A feira do vestuário da cidade tem apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além do Banco do Brasil. Antes da tragédia, o polo de Nova Friburgo respondia por 25% do mercado brasileiro de moda íntima.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaisModaRio de JaneiroTêxteis

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP