Diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 6 de outubro de 2021 às 13h57.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, disse à CPI da Covid, nesta quarta-feira, 6, que vai instaurar um regime especial de direção técnica na operadora de saúde Prevent Senior. Chamado a depor para explicar as ações da ANS diante de denúncias envolvendo a empresa, Rebello afirmou que só soube das acusações por meio da comissão.
O diretor técnico acompanhará diariamente os fluxos e os processos dentro da operadora. Ele não terá poder de influenciar na gestão, mas poderá pedir informações à empresa. Com isso, a ANS pretende acompanhar de forma mais próxima a atuação da Prevent Senior.
"O diretor técnico não poder de gestão, mas ele acompanha e pode ficar solicitando várias informações à operadora para ver como está seu fluxo de trabalho, se há alguma situação que o aponte delicado. Aí a gente vai e intervém de forma mais dura, mais específica", explicou Rebello.
O objetivo final, ressaltou o diretor-presidente, não é a retirada da operadora do mercado, “mas garantir a manutenção da qualidade assistencial aos beneficiários”. A Prevent Senior já foi autuada e está na condição de investigada. Pode haver intervenção da ANS se houver “qualquer tipo de pressão da operadora”, disse o diretor-presidente.
A ANS, segundo Rebello, está “conduzindo as apurações de forma rigorosa e bastante cuidadosa”, para garantir que será preservada a continuidade da assistência dos beneficiários da operadora. “Todas as informações levantadas estão sendo analisadas para que a agência tenha os subsídios necessários para adoção das medidas adequadas”, garantiu.
Segundo dossiê elaborado por médicos que trabalharam na Prevent Senior, a operadora teria indicado sistematicamente o uso de medicamentos sem eficácia para a covid-19 e ocultado mortes de pacientes em um estudo que tinha como objetivo validar o uso dos remédios. A empresa nega.
Rebello disse que as denúncias não chegaram aos canais da ANS e que soube das acusações quando o dossiê foi apresentado à CPI da Covid. “Tais situações nunca foram denunciadas diretamente à agência, não aparecendo nos monitoramentos feitos periodicamente pela ANS”, afirmou.