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Bolsonaro confirma André Mendonça na Justiça e Ramagem na Polícia Federal

Mendonça, que ocupava a chefia da Advocacia-Geral da União, assume o ministério da Justiça e Segurança Pública após a saída de Moro

André Mendonça: novo ministro da Justiça não estava entre os mais cotados para o cargo (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

André Mendonça: novo ministro da Justiça não estava entre os mais cotados para o cargo (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2020 às 06h11.

Última atualização em 28 de abril de 2020 às 08h59.

O Diário Oficial da União desta terça-feira, 28, traz a nomeação de André Mendonça, que ocupava a chefia da Advocacia-Geral da União (AGU), como ministro da Justiça e Segurança Pública. O cargo estava vago desde a sexta-feira, 24, quando Sérgio Moro pediu demissão e acusou o presidente Jair Bolsonaro de ingerência na Polícia Federal.

Mendonça não estava entre os mais cotados para assumir a vaga que era de Moro. Outros nomes, como o de Jorge Oliveira, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, tinham mais força.

O substituto de Mendonça na AGU é José Levi Mello do Amaral Júnior, que até então atuava como procurador-geral da Fazenda Nacional.

Formado em direito, com especialidade em direito público, Mendonça, de 46 anos, começou sua carreira como procurador nos anos 2000, no Paraná, e também atuou como corregedor-geral da Advocacia da União e como diretor de Patrimônio e Probidade.

Na Controladoria-Geral da União (CGU), como assessor especial, ele foi o responsável por coordenar equipes de negociação de acordos de leniência celebrados pela União e empresas privadas.

Alexandre Ramagem na PF

A mesma edição do Diário Oficial traz a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, que era chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Maurício Valeixo.

Ramagen é próximo da família Bolsonaro e foi coordenador da segurança do então candidato durante as eleições de 2018. Ele passou em concurso da Polícia Federal em 2005.

Chegou a ser nomeado superintendente no Ceará no ano passado, mas não assumiu o posto. Foi convidado para trabalhar em Brasília, perto de Bolsonaro, como auxiliar direto de Carlos Alberto Santos Cruz, então chefe da Secretaria de Governo. Permaneceu como assessor especial de Luiz Eduardo Ramos, sucessor de Santos Cruz no cargo.

Da assessoria, foi indicado a chefe da Abin com a autoridade de quem gozava da “total confiança” da família Bolsonaro. Ele chegou ao posto depois de um lobby do deputado Eduardo, escrivão de carreira da PF, do vereador Carlos e do senador Flávio Bolsonaro.

Todo esse histórico fez a oposição reforçar que o presidente está tentando influenciar a atuação da PF, ponto central na saída de Moro. Questionado pelo fato, Bolsonaro respondeu com um "e daí?" na semana passada.

Noite desta segunda-feira, 27, o site The Intercept revelou que, em antigas conversas do Ministério Público Federal em Curitiba vazadas no ano passado, os procuradores comentavam que o então delegado Alexandre Ramagem poderia ser um nome "ligado ao PT" e que estaria buscando "melar" a Lava Jato.

As denúncias de Moro contra Bolsonaro levaram Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, a autorizar investigação contra Bolsonaro. Mello disse que ninguém está acima da lei e deu 60 dias para a PF tomar depoimento do presidente (que pode ser por escrito).

Pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 27, pelo Datafolha mostra que no embate entre Moro e Bolsonaro, 52% dos brasileiros acreditam no ex-ministro da Justiça e 20% no presidente.

(Com informações de Estadão Conteúdo)

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