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Análise: escolha de Carlos Vieira para a Caixa deve destravar pauta da Câmara

Governo espera que projetos para o aumento da arrecadação paralisados no Legislativo avancem após escolha de presidente do banco público

Caixa: mudança deve acelerar negociações do governo no Congresso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Caixa: mudança deve acelerar negociações do governo no Congresso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 25 de outubro de 2023 às 14h46.

Última atualização em 25 de outubro de 2023 às 14h52.

A demissão de Rita Serrano e a nomeação de Carlos Vieira para a presidência da Caixa coincide com a necessidade do governo de destravar a pauta da Câmara dos Deputados.

Indicado com as benções do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Viana tem experiência política e já trabalhou nos governos do PT e Michel Temer.

Ele foi secretário-executivo do Ministério das Cidades no governo Dilma Rousseff quando Gilberto Occhi comandava a pasta. Homem de confiança do PP, Occhi também presidiu a Caixa no governo Temer. Nesse período, Vieira era presidente da Funcef, o fundo de pensão dos empregados do banco público.

A tendência é que a escolha de Vieira ajude na aprovação das propostas para aumentar a arrecadação de recursos, como a tributação de fundos exclusivos. O parecer sobre o projeto está pronto para ser votado na Câmara.

O temor da equipe econômica era terminar o ano sem o avanço de propostas essenciais para o governo tentar cumprir a meta de zerar o déficit público

A EXAME apurou que, no governo, a avaliação é que Vieira acumula experiência política na Esplanada dos Ministérios e já comandou um dos maiores fundos de pensão do país. "Sua gestão deve ser marcada pela melhora da interlocução do banco o Congresso e a liberação de recursos”, disse uma fonte.

Agenda econômica lenta

A troca acontece em um momento de paralisia da agenda econômica do governo no Congresso. A votação da taxação dos fundos exclusivos e offshores foi adiada seguidas vezes nas últimas semanas. O projeto é prioritário para o Ministério da Fazenda, que tenta zerar o déficit nas contas públicas em 2024 e quer levantar R$ 20 bilhões com essas medidas em 2024.

Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", em setembro, Lira afirmou que nomes do centrão seriam indicados para o comando da Caixa. Na ocasião, ele disse que o acordo fazia parte da composição realizada pelo governo para fortalecer sua base aliada no Congresso. Ao jornal, o presidente da Câmara afirmou que as indicações políticas para o comando do banco não podem ser criminalizadas por si só. 

Nota de despedida

Em nota, o Palácio do Planalto agradeceu o trabalho de Rita Serrano.

"Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio. Na gestão de Serrano foram inauguradas 74 salas de atendimento para prefeitos em todo o país, cumprindo um compromisso de campanha".

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