Mais leitos de UTI é meta da Saúde para minimizar vítimas do coronavírus
No início da semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a estimativa é que os casos cresçam no país até junho
Clara Cerioni
Publicado em 19 de março de 2020 às 10h43.
Última atualização em 19 de março de 2020 às 10h57.
Diante do avanço de casos do novo coronavírus , o Ministério da Saúde busca alternativas para garantir ampliação de leitos de UTI e equipamentos essenciais ao tratamento de pacientes, como respiradores.
A pasta subiu o tom na segunda-feira e disse querer impedir exportações de produtos usados para enfrentar a doença, além de passar a considerar a requisição de leitos ociosos da rede privada para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministério estima contar com 27,4 mil leitos de UTI no SUS. A taxa de ocupação é de 78%. São ainda 46.663 mil respiradores na rede pública. O acesso aos leitos é uma das maiores preocupações de autoridades da saúde para combate à pandemia. Somando as redes pública e privada, o Brasil tem 55,1 mil leitos e 65.411 respiradores.
No início da semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a estimativa é que os casos cresçam no país até junho. Segundo as estatísticas, ao menos 5% dos pacientes que contraírem o vírus precisarão de internação na UTI. Hoje, o Brasil tem 428 pessoas doentes e já registrou ao menos cinco mortes.
Ontem, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia aprovou a zeragem da alíquota do Imposto de Importação para 50 produtos médicos e hospitalares necessários ao combate à pandemia causada pela covid-19, entre eles os respiradores.
Para Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), é "difícil" dizer que a oferta atual de leitos e equipamentos é satisfatória, pois dependerá da evolução do número de casos que o Brasil tiver pela frente.
"Não dá para dizer que seja suficiente. Se atingir um pico (de casos), não vai ser suficiente nunca. O que o Ministério da Saúde nos disse é que está procurando forma de importação rápida de suprimentos. Não só respiradores, mas máscara, medicamento", disse Sampaio.
Na opinião dele, o mais importante é pensar em formas de reduzir a desigualdade no acesso aos leitos de tratamento intensivo, além de planejar ações para cenários de surto da doença, como cancelar cirurgias mais leves, montar hospitais de campanha e locar estruturas da rede privada.
O governo federal custeará a instalação de 2 mil leitos específicos para combate à covid-19 nos Estados. A proposta é usá-los apenas para o novo coronavírus. Serão R$ 396 milhões investidos para locar os equipamentos exigidos para montar os leitos e mais R$ 260 milhões para manutenção por seis meses destas estruturas, diz o ministério.
Como o jornal O Estado de S. Paulo antecipou, o governo decidiu no último fim de semana instalar os primeiros 540 leitos. A primeira leva será distribuída conforme a população de cada Estado, desde que cada unidade federativa recebe ao menos dez leitos. Em São Paulo, Estado mais populoso, serão instalados 118 quartos.