Brasil

Ambientalistas protestam na Câmara contra extinção da Renca

Os organizadores querem que a pressão popular leve o governo a recuar de forma definitiva na decisão de extinguir a reserva

Marina Silva: ex-ministra participou da manifestação e destacou as medidas de combate ao desmatamento que adotou durante sua gestão (Rede na Câmara/Facebook/Reprodução)

Marina Silva: ex-ministra participou da manifestação e destacou as medidas de combate ao desmatamento que adotou durante sua gestão (Rede na Câmara/Facebook/Reprodução)

AB

Agência Brasil

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 14h11.

Representantes de movimentos de defesa socioambiental do país, do Ministério Público e um grupo de parlamentares da Frente Ambientalista realizaram hoje (30) um ato na Câmara dos Deputados em protesto ao decreto que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca).

A reserva está localizada entre os estados do Amapá e Pará e compreende uma área de aproximadamente 47 mil quilômetros quadrados (Km²), onde há registros da presença de cobre, ouro, manganês, ferro e outros minérios. Os ambientalistas argumentam que a extinção da Renca deixará uma área intocável da floresta amazônica sujeita a diversas ilegalidades.

Mesmo após o anúncio de revogação do decreto, os ativistas declaram que a decisão do governo faz parte de um conjunto de medidas que representam um retrocesso para a política ambiental do país. Os organizadores querem que a pressão popular leve o governo a recuar de forma definitiva na decisão de extinguir a reserva.

"A reedição mantém a essência do primeiro decreto, é apenas uma peça de explicação sobre os problemas que eventualmente o governo acha que não vai causar, mas não muda essencialmente nada. O que acho que vai acontecer agora é que o governo provavelmente vai receber questionamentos. A Justiça deve se pronunciar de forma a barrar esse decreto e reverter esse decreto", disse Márcio Astrini, um dos coordenadores do Greenpeace.

O decreto publicado pelo governo foi suspenso hoje (30) pela Justiça Federal, que determinou a suspensão dos efeitos de "todo e qualquer ato administrativo tendente a extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca)". A medida foi tomada após diversos questionamentos de ambientalistas, celebridades, da população e da mídia internacional.

O governo alega que o objetivo da extinção da Renca é permitir a exploração de minérios e que serão mantidas as áreas indígenas e de conservação.

Outras medidas ambientais

Os manifestantes também citaram projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, como o PL 3729/2004, que está sob análise da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara e, se aprovado, pode mudar as regras de licenciamento ambiental no país, com a flexibilização das exigências para a atividade agropecuária e construção de empreendimentos em áreas preservadas, por exemplo.

"A proposta é chamar atenção para os problemas ambientais que a gente vem vivendo, não só da Renca, mas também uma série de outros problemas, como o enfraquecimento do licenciamento ambiental, a redução de unidades de conservação, o ataque a territórios indígenas, e uma série de outras propostas como benefício a grilagem de terras a criminosos ambientais, que vem passando ou pelo Executivo ou pelo Legislativo", explicou Astrini.

Durante o ato, o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), recebeu do representante da Avaaz, organização que promove mobilização popular online, a petição com 600 mil assinaturas coletadas desde a última semana em favor da revogação do decreto. O deputado destacou que a ação reúne líderes de diferentes partidos e tem como objetivo "agir contra o pacote de medidas que podem acabar com o meio ambiente a biodiversidade".

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também participou da manifestação e destacou as medidas de combate ao desmatamento que adotou durante sua gestão no ministério. Para Marina, o governo deve revogar o decreto "não apenas para embromar a sociedade", mas deve recuar de fato para impedir que as terras continuem expostas à pressão de mineração e outros tipos de exploração.

 

Acompanhe tudo sobre:AmapáAmazôniaGoverno TemerMarina SilvaParáProtestos

Mais de Brasil

“Estado tem o sentimento de uma dor que se prolonga”, diz governador do RS após queda de avião

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado

Quem foi Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado