Amazônia é do Brasil e não da humanidade, diz general Heleno
"Temos capacidade para fazer o desenvolvimento sustentável da Amazônia sem prejudicar o resto do mundo", disse o ministro-chefe do GSI
João Pedro Caleiro
Publicado em 10 de maio de 2019 às 15h35.
Última atualização em 10 de maio de 2019 às 15h37.
Gerenciar a maior floresta tropical do mundo é um assunto brasileiro e os estrangeiros precisam parar de se intrometer na Amazônia , disse o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno .
"Não aceito essa história de que a Amazônia é patrimônio da humanidade, isso é uma grande bobagem", afirmou em entrevista no Palácio do Planalto. "A Amazônia é brasileira, patrimônio do Brasil e tem de ser tratada pelo Brasil em proveito do Brasil."
A fala do general coincide com os planos do governo de rever as áreas de conservação existentes em meio à crescente pressão dos lobbies de mineração e agricultura.
O presidente Jair Bolsonaro cancelou uma viagem a Nova York depois de o prefeito Bill de Blasio e ativistas o criticarem por questões que incluem sua posição em relação à floresta amazônica, cuja conservação os cientistas dizem ser fundamental para o debate sobre a mudança climática.
Heleno, que liderou uma missão de paz das Nações Unidas no Haiti, criticou duramente as organizações não-governamentais que trabalham no país, dizendo que algumas delas funcionam como cortina de fumaça de interesses estrangeiros.
"Há influência estrangeira na Amazônia, totalmente desnecessária e nefasta", disse Heleno. "As ONGs servem para esconder interesses. Há interesses estratégicos, econômicos, geopolíticos, tudo se mistura."
Este mês, oito ex-ministros do Meio Ambiente brasileiros escreveram uma carta aberta apontando que Bolsonaro está desmantelando sistemas de proteção ambiental e prejudicando a imagem do país no exterior.
O atual ministro da área, Ricardo Salles, respondeu dizendo que são as ONGs que prejudicam a reputação do Brasil.
"Temos capacidade para fazer o desenvolvimento sustentável da Amazônia sem prejudicar o resto do mundo", disse Heleno. "Agora, aceitar que o resto do mundo dê palpite na Amazônia quando o resto do mundo jamais aceitou palpite de outros países, eu não aceito."