O governador de Goiás, Marconi Perillo, que tem amargado baixos índices de aprovação, ainda não sinalizou se pretende disputar a reeleição (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2013 às 10h40.
Goiânia - Alvo preferencial da base aliada na CPI do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), procura dar o troco na mesma moeda e vale-se agora de uma comissão instalada na Assembleia Legislativa para fustigar o PT e o PMDB no Estado.
O Tribunal de Justiça de Goiás vai decidir, na quarta-feira (9), se autoriza a CPI da Assembleia a investigar os contratos da empreiteira Delta com prefeituras de cidades goianas administradas por petistas e peemedebistas. A corte vai julgar recurso protocolado pela Procuradoria da Assembleia para poder ter acesso às contas das administrações que contrataram a construtora.
A comissão estadual foi instalada em maio, na esteira da Operação Monte Carlo, que levou à prisão o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O objetivo era apurar ligações de agentes públicos com o contraventor e possíveis irregularidades em contratos firmados pelas prefeituras goianas com a Delta entre 1995 e 2012.
Suspensa pela Justiça desde agosto, a CPI estadual pretende agora convocar o empresário Fernando Cavendish, que era presidente da Delta quando a Monte Carlo foi deflagrada, e o próprio Cachoeira.
Se obtiver a autorização judicial, a CPI vai ter acesso às contas bancárias de cinco prefeituras: Goiânia (PT), Anápolis (PT) e Aparecida de Goiânia (PMDB), cujos prefeitos foram reeleitos em 2012; e Catalão e Águas Lindas, cujas administrações passaram das mãos do PMDB e PT para o PSDB e PTB, respectivamente.
Para o deputado estadual Talles Barreto (PTB), relator da CPI, há indícios de mau uso do dinheiro público por parte dessas prefeituras nos contratos com a Delta. Segundo ele, entre as primeiras medidas a serem tomadas após a Justiça autorizar a volta da CPI será a convocação de técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para fazer um levantamento da situação de cada cidade. "A partir daí, vamos fazer uma reavaliação", afirmou.
Os parlamentares petistas reclamam que é impossível barrar a volta da CPI, em função do tamanho da bancada aliada a Perillo na Assembleia. São 26 deputados ligados ao governador, ante 15 da oposição. "O governo aprova o que quer, pela força da sua bancada, e vai querer retomar a CPI", disse o deputado estadual Luiz César Bueno (PT).
Por trás dos confrontos entre PSDB e PT está a disputa para o governo em 2014. Perillo, que tem amargado baixos índices de aprovação, ainda não sinalizou se pretende disputar a reeleição. Já a aliança PT-PMDB tem, até agora, pelo menos oito nomes na lista de potenciais candidatos. Entre os mais cotados, estão o ex-governador Iris Rezende (PMDB); Paulo Garcia; e o deputado federal Rubens Otoni (PT).