Alimentos processados e ultraprocessados: o que são, qual a diferença e o que diz a lei
A regulamentação de alimentos processados e ultraprocessados varia de acordo com a legislação de cada país
Publicado em 3 de julho de 2024 às 06h03.
A alimentação moderna tem sido cada vez mais influenciada por alimentos processados e ultraprocessados. Entender a diferença entre esses tipos de alimentos e suas implicações para a saúde é fundamental para fazer escolhas alimentares mais conscientes.
Além disso, as regulamentações e debates sobre esses produtos têm ganhado destaque na agenda de saúde pública. A seguir, exploramos o que são alimentos processados e ultraprocessados, suas diferenças e o que dizem as leis e debates sobre o assunto.
O que é um alimento processado?
De acordo com o Ministério da Saúde, alimentos processados são aqueles que passaram por alguma alteração para aumentar sua durabilidade ou melhorar seu sabor. Esses processos incluem a adição de sal, açúcar, óleo ou outros ingredientes culinários a alimentos frescos para torná-los mais estáveis e agradáveis ao paladar. Embora modificados, esses alimentos mantêm grande parte das características nutricionais dos alimentos originais.
Exemplos de alimentos processados:
- Conservas de legumes
- Extrato de tomate com sal
- Peixe conservado em óleo ou água e sal
- Frutas em calda
- Queijos
Características principais:
- Passam por processos simples como fermentação, cozimento ou pasteurização.
- Contêm poucos ingredientes adicionais.
- Geralmente mantêm a maior parte dos nutrientes do alimento original.
O que é um alimento ultraprocessado?
Segundo o INCA, alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou em grande parte de substâncias extraídas de alimentos, derivados de alimentos ou sintetizadas em laboratórios. Esses produtos contêm pouco ou nenhum alimento integral e são projetados para serem altamente palatáveis e convenientes, utilizando técnicas industriais que alteram substancialmente suas propriedades.
Exemplos de alimentos ultraprocessados:
- Biscoitos doces e salgados
- Cereal matinal
- Macarrão instantâneo
- Salgadinhos de pacote
- Bebidas adoçadas não carbonatadas (refrescos)
- Bebidas adoçadas carbonatadas (refrigerantes)
Características:
- Contêm uma alta quantidade de ingredientes artificiais, incluindo aditivos, conservantes, corantes e aromatizantes.
- São amplamente modificados para aumentar a vida útil, a palatabilidade e a conveniência.
- Possuem baixo valor nutricional, sendo ricos em calorias, açúcares, gorduras e sódio.
Diferenças principais entre alimentos processados e ultraprocessados
A principal diferença entre alimentos processados e ultraprocessados está no grau de modificação e na quantidade de ingredientes adicionados.
Alimentos processados:
- Sofrem alterações mínimas para preservar ou melhorar sabor e textura.
- Mantêm grande parte das características nutricionais dos alimentos originais.
- Incluem a adição de poucos ingredientes como sal, açúcar e óleo.
Alimentos ultraprocessados:
- Passam por processos industriais complexos que alteram substancialmente suas propriedades.
- Contêm muitos ingredientes artificiais e pouco ou nenhum alimento integral.
- São altamente modificados e projetados para serem convenientes e atraentes ao paladar.
Impactos na saúde
Alimentos processados: Quando consumidos com moderação e como parte de uma dieta balanceada, os alimentos processados podem fazer parte de uma alimentação saudável. No entanto, é importante estar atento ao teor de sal, açúcar e gorduras adicionados.
Alimentos ultraprocessados: O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado a uma série de problemas de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Isso se deve ao alto conteúdo de calorias, açúcares, gorduras e sódio, além da presença de aditivos artificiais.
O que diz a lei?
A regulamentação de alimentos processados e ultraprocessados varia de acordo com a legislação de cada país, mas há um crescente movimento global para aumentar a transparência e a informação disponível ao consumidor.
No Brasil:
- Rotulagem nutricional: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) exige que alimentos embalados apresentem informações nutricionais detalhadas em seus rótulos, incluindo a lista de ingredientes e valores diários recomendados.
- Advertências sobre saúde: Há debates e iniciativas para incluir advertências em rótulos de alimentos ultraprocessados que contenham altos teores de açúcar, sódio e gorduras saturadas.
Internacionalmente:
- Rotulagem frontal: Alguns países, como o Chile, implementaram sistemas de rotulagem frontal que alertam os consumidores sobre altos níveis de nutrientes críticos (como açúcar e sódio) em alimentos ultraprocessados.
- Regulamentação de marketing: Medidas restritivas sobre a publicidade de alimentos ultraprocessados, especialmente aqueles voltados para crianças, estão sendo adotadas em diversos países.
Debates e preocupações de saúde pública
Os alimentos ultraprocessados estão no centro de muitos debates sobre saúde pública devido ao seu impacto negativo na dieta e saúde da população.
Principais preocupações:
- Obesidade e doenças crônicas: O consumo elevado de alimentos ultraprocessados está associado ao aumento de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e outros problemas de saúde.
- Segurança alimentar: A alta presença de aditivos e conservantes artificiais levanta questões sobre os efeitos a longo prazo na saúde.
- Acesso a alimentos saudáveis: Políticas de subsídios agrícolas e incentivos fiscais para alimentos naturais e minimamente processados são frequentemente debatidas como formas de promover uma alimentação mais saudável.