Alexandre de Moraes é alvo de protestos no Rio e em São Paulo
Nesta terça-feira, Moraes será sabatinado por parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado como parte do processo de sua indicação
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 21h58.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 22h16.
O ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes , foi alvo de três manifestações nesta segunda-feira, 20, contra sua indicação à vaga do ministro Teori Zavascki, morto em janeiro, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em São Paulo, o ato ocorreu nesta noite, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco. No Rio, o protesto foi realizado no Circo Voador, com artistas e meio acadêmico.
Nesta terça-feira, 21, Moraes será sabatinado por parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado como parte do processo de sua indicação. A previsão é de que o colegiado aprove sem obstáculos seu nome à Corte.
Em Brasília, pela manhã, estudantes do Centro Acadêmico XI de Agosto, entidade representativa dos alunos do curso de Direito da USP,entregaram à CCJ um abaixo-assinado com cerca de 270 mil assinaturas contra a indicação de Moraes ao cargo.
O ato de repúdio desta noite no Largo São Francisco reuniu cerca de 150 pessoas e quatro juristas. Segundo os próprios participantes, o meio jurídico pouco tem se manifestado contra a nomeação por receio.
Nos discursos, os oradores contestaram a carreira do ex-ministro e a legitimidade das obras publicadas por Moraes, acusado informalmente de plagiar um jurista espanhol em um de seus livros e de ter mentido sobre sua vida acadêmica.
O professor de Direito Penal da USP, Sérgio Salomão Shecaira, disse que Moraes afirmou em seu currículo ter cursado pós-doutorado na universidade em 1998 quando o curso ainda não existia.
"Quando alguém ascende de forma tão rápida na carreira é porque ocorreu alguma coisa exótica. Exotismo é típico de quem cria e copia", afirmou o professor.
Em sua fala, Shecaira disse que estava "visivelmente constrangido" por participar de um evento contra um colega.
A advogada Ana Lucia Pastore, coordenadora do Núcleo de Antropologia do Direito da USP, classificou a eventual nomeação de Moraes "uma vergonha para todos professores do Brasil".
"Se eu julgasse o currículo Lates dele, não o aprovaria nem para o mestrado", afirmou. Ainda segundo Ana Lúcia, Moraes disse ter publicado 69 livros desde 2000, mas 30 deles seriam a mesma obra em diferentes edições.
Deisy Ventura, professora do Instituto de Relações Internacionais da USP, disse ao microfone que Moraes "deveria ser obrigado a escrever 100 vezes no quadro negro as frases que copiou de outros autores".
"Leia aquilo que você copiou em seus livros e renuncie à indicação", cobrou a professora.
Procurada, a assessoria de Morais disse que o ex-ministro não comentaria as acusações dos colegas.