Alckmin: para tentar contornar a crise interna, Alckmin enviou à Casa no início deste ano um projeto de lei que propõe reajuste de 4% (Rovena Rsoa/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de março de 2018 às 08h14.
São Paulo - Sem conceder aumento a policiais há quase quatro anos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), enfrenta o descontentamento das duas corporações - a Civil e a Militar - e críticas de deputados da base aliada ligados à chamada "bancada da bala" na Assembleia Legislativa.
Para tentar contornar a crise interna, Alckmin enviou à Casa no início deste ano um projeto de lei que propõe reajuste de 4%, o que, na prática, complicou ainda mais a relação com a bancada, que reúne três dos cinco parlamentares mais votados em 2014.
Tucanos como o ex-presidente da Assembleia Fernando Capez e o Coronel Telhada negociam deixar o PSDB. O primeiro conversa com o PSB, partido do vice-governador Márcio França, que deve assumir o governo em abril, e o segundo vai se filiar ao PP no dia 17.
"A condução da segurança pública pelos governos do PSDB é desastrosa. O governador não sabe valorizar os policiais, aliás, todo o funcionalismo. É por isso que estou saindo do partido, não vou mais insistir", afirmou Telhada, quinto mais votado da Assembleia. O convite para o coronel trocar o PSDB pelo PP foi feito pelo Delegado Olim, que exige ao menos 7% de aumento.
O deputado classificou como "ridículo" o valor do salário pago ao policial de São Paulo. "A sorte do governador é que a polícia paulista é muito boa, trabalha direito, não faz greve. Mas daí a dizer que está tudo uma maravilha é forçar a barra", disse. O salário inicial de um PM de São Paulo é inferior a R$ 3 mil, um dos mais baixos do País.
Coronel Camilo (PSD), que chefiou a Polícia Militar entre 2009 e 2012, também compõe o grupo dos insatisfeitos, mas ponderou que nem tudo é ruim.
"Na minha avaliação, o governador fez uma boa gestão. Investiu em tecnologia e armamento, não contingenciou recursos, ampliou as bases militares no Estado, baixou os índices de criminalidade. Mas deixou a desejar no item mais importante: o policial. Além de não reajustar os salários, diminuiu o efetivo", afirmou.
Às vésperas do início da campanha, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) iniciou um movimento contra o governador - outdoors foram espalhados por cinco rodovias que dão acesso à capital questionando as políticas do tucano. O foco das críticas também é o valor dos salários pagos à categoria no Estado.
Matéria do jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira, 6, mostra que, após a intervenção anunciada pelo presidente Michel Temer na segurança do Rio, Alckmin elegeu o tema como foco de sua campanha ao Planalto.
O tucano tentará convencer o eleitor de que é o presidenciável mais experiente na área de segurança - e que possui dados relevantes a mostrar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.