GERALDO ALCKMIN: o governador paulista conseguiu entre 6% e 12% das intenções de voto nas últimas pesquisas / Edson Lopes Jr./A2 Fotografia (Edson Lopes Jr./A2 Fotografia/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 10h28.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2018 às 15h34.
A desistência de Luciano Huck da eleição presidencial de 2018, confirmada por sua assessoria de imprensa, tende a beneficiar a candidatura do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, ainda que o quadro para a disputa permaneça fragmentado.
"Com Huck desistindo da candidatura, Alckmin tende a consolidar a candidatura ao centro", diz Carlos Melo, cientista político e professor do Insper.
"Pode haver outras candidaturas, como a de Henrique Meirelles e a de João Doria, mas a tendência é que ele seja o candidato mais forte ao centro", disse Melo, em entrevista por telefone.
Alckmin é o candidato dentro da centro-direita que mais pode atrair apoio do meio político, da sociedade e do establishment para ser próximo presidente da República, disse Richard Back, analista político da XP Investimentos. “É bom para Alckmin porque ele vai sobrando como candidato dessa coalizão."
Na avaliação de Christopher Garman, diretor executivo para Américas da Eurasia, apesar de Alckmin ganhar força, o risco para o mercado aumenta com a decisão de Huck, já que não há um "candidato reformista claro com credenciais anti-establishment”.
Até o momento, os nomes apontados como reformistas e localizados mais ao centro do espectro político não deslancharam nas pesquisas eleitorais. Em pesquisa Datafolha divulgada no fim de janeiro, Alckmin e Huck apareceram tecnicamente empatados, com 8% cada.
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem liderado as pesquisas de intenção de voto, seguido pelo deputado Jair Bolsonaro, mas enfrentou um recente revés após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região manter sua condenação de maneira unânime. A decisão reduz o risco político em torno da eleição, de acordo com analistas, mas não elimina a busca do mercado financeiro por um candidato que dê sequência à atual agenda de reformas do governo de Michel Temer.
Para Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, a saída de Huck, junto com a decisão contrária a Lula no TRF-4, é boa notícia para Alckmin e para o grupo mais moderado de centro-direita. "Sem Huck, a tendência é que estrutura tucana ou governista se consolide mais adiante", diz Aragão.
A grande pergunta da eleição agora é se o atual governo terá ou não candidato, segundo Aragão. Para Melo, do Insper, será necessário verificar quem aglutinará os votos da esquerda e acompanhar de perto o desempenho de Jair Bolsonaro. "Bolsonaro tem um eleitorado em torno de 15% a 20% consolidado e é competitivo no 1º turno."
Huck era o presidenciável com o maior número de seguidores no Twitter até o dia 15 de fevereiro - quase 13 milhões. Mesmo após publicar um artigo na Folha de S. Paulo em novembro afirmando que não iria pleitear espaço nesta eleição, ainda havia alguma dúvida remanescente a respeito de suas intenções.