Peritos dizem que agressor de Bolsonaro tem doença mental
Réu confesso do ataque cometido antes das eleições contra o presidente pode não ser punido pelo crime, caso seja comprovado instabilidade
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2019 às 16h32.
Última atualização em 7 de março de 2019 às 16h49.
São Paulo — Documento elaborado por peritos da Justiça Federal afirma que Adélio Bispo de Oliveira — homem que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em Juiz de Fora (MG) — sofre de uma doença mental.
Caso essa conclusão seja confirmada,Adélio pode ser considerado inimputável perante a Justiça Criminal.
Segundo apurou a TV Globo, o laudo entregue à Justiça em fevereiro aponta que o agressor sofre de uma doença chamada transtorno delirante permanente paranoide, sendo considerado inimputável.
Os psicólogos e psiquiatras responsáveis pelas entrevistas informaram que Bispo diz não ter cumprido sua missão, e que ainda considera matar o presidente quando possível.
O procurador da República Marcelo Medina afirma que a perícia médica encomendada pela Justiça Federal resultou em dois laudos divergentes e que o documento apresentado pela defesa de Bispo, também.
Em nota enviada à reportagem, o Ministério Público Federal em Minas Gerais afirma que "nada pode informar sobre o teor dos três laudos e sobre o andamento do processo", mas informa que foi solicitado esclarecimentos complementares por "entender que há divergências relevantes".
Tanto a defesa de Bolsonaro como de Adélio terão prazo para solicitar esclarecimentos.
Entenda o caso
Em 6 de setembro do ano passado, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), Adélio Bispo esfaqueou o então candidato à presidência Jair Bolsonaro.
Ele foi preso em flagrante e confessou o crime. Depois, foi denunciado pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais por atentado pessoal por inconformismo político, enquadrado na Lei de Segurança Nacional. A Justiça recebeu a ação.
A defesa de Adélio chegou a ser alvo de busca e apreensão e o inquérito sobre um possível mandante do atentado contra Bolsonaro estava em fase de análise dos materiais apreendidos com os advogados dele.
A investigação, no entanto, foi suspensa pelo Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), acolhendo pedido do Conselho Federal da OAB.
Na semana passada, a Polícia Federal (PF) apresentou ao presidente áudios que mostram o possível interesse do Primeiro Comando da Capital (PCC) no ataque.
As conversas foram captadas pelo setor de inteligência e sustentam uma das linhas de investigação de inquérito que apura se Adélio agiu a mando de alguém.