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Agente assassinado foi abordado por PMs, diz policial

Wilton Tapajós, assassinado na última semana em Brasília, foi abordado por policiais militares durante as investigações da operação Monte Carlo, diz testemunha

Porta da viatura da Polícia Federal: agente da operação Monte Carlo foi assassinado (Fernando Moraes/Veja SP)

Porta da viatura da Polícia Federal: agente da operação Monte Carlo foi assassinado (Fernando Moraes/Veja SP)

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Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2012 às 22h57.

Goiânia - Testemunha de acusação, o agente da Polícia Federal Fábio Alvarez Shor afirmou que o agente Wilton Tapajós, assassinado na última semana em Brasília, foi abordado por policiais militares durante as investigações da operação Monte Carlo. Alvarez foi questionado nesta terça pelo Ministério Público Federal sobre a vulnerabilidade do trabalho policial e a infiltração de integrantes da organização criminosa nas forças de segurança pública. O agente foi uma das duas testemunhas de acusação ouvidas nesta terça na primeira audiência de instrução do processo. Outras sete devem prestar depoimento na quarta-feira, dia 25.

Wilton Tapajós teria sido abordado durante uma diligência na casa de Sônia Regina de Melo, servidora pública lotada na Delegacia Regional de Luziânia (GO). "Ele teve que usar histórias de coberturas para preservar o trabalho", contou Alvarez, explicando que não teria como fazer qualquer relação da morte do colega com a operação da PF. O policial disse que Tapajós justificou que estava lendo a Bíblia enquanto esperava seu chefe ligar. Por coincidência, o agente recebeu uma ligação da superintendência da PF na mesma hora e os PMs deixaram o local.

De acordo com a denúncia do MPF, Regina era responsável pela captação de policiais para atuação na organização criminosa e fazia a intermediação entre exploradores diretos e policiais.


O agente Alvarez disse que também foi abordado por policiais militares durante uma missão em Goiânia. Outra equipe da PF teria sido interceptada por PMs em Anápolis.

O procurador Daniel de Resende afirmou que várias diligências da PF coincidiram com abordagens policiais porque os locais onde funcionavam as casas de jogos ou a residência de investigados havia uma espécie de "segurança informal" feita por policiais.

Defesa

Advogados de defesa usaram os depoimentos dos agentes para tentar desqualificar as interceptações telefônicas. Dora Cavalcanti, advogada de Cachoeira, insistiu em perguntas que explicassem quais agentes tiveram acessos às escutas, como são feitas as gravações na PF e como foram produzidos os relatórios de encontros fortuitos. MPF e agentes da PF sustentam que a investigação não foi baseada exclusivamente nas escutas e que foram feitos trabalhos de campo.

Conduzida pelo juiz federal Alderico da Rocha Santos, a audiência começou às 9h15 e durou 10 horas. Os advogados tentaram no início e no fim da sessão suspender os trabalhos. O magistrado indeferiu os pedidos e pediu celeridade nos depoimentos.

Familiares e advogados dos réus chegaram logo cedo. Andressa Mendonça, namorada de Cachoeira, foi uma das primeiras. Sorridente, ela disse que não conseguiu dormir à noite. A maquiagem, no entanto, escondeu qualquer sinal de olheiras ou de cansaço. De terno, Carlinhos Cachoeira entrou no auditório escoltado por agentes da PF e também distribuiu sorrisos. Durante os depoimentos, Cachoeira roeu unha, passou a mão no rosto e conversou com os outros réus. De acordo com o MPF, um laudo da PF atestou a capacidade psicológica de Cachoeira. A avaliação, segundo os procuradores, comprova que o contraventor está apto a prestar depoimento.

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