Brasil

Afif diz ter se "surpreendido" com decisão da Justiça

Afif é acusado de usar o cargo de vice-governador de São Paulo para pressionar a Cetesb a liberar a construção de um condomínio da empresa Sunday Participações


	O ministro Guilherme Afif e seus irmãos construíram quatro condomínios compostos "de casas de alto padrão que foram adquiridas por famílias ricas"
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro Guilherme Afif e seus irmãos construíram quatro condomínios compostos "de casas de alto padrão que foram adquiridas por famílias ricas" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2015 às 10h29.

São Paulo - Réu em uma ação por improbidade administrativa que corre na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, disse ter sido "surpreendido" com a decisão da Justiça de aceitar a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual.

Afif é acusado de usar o cargo de vice-governador de São Paulo para pressionar a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) a liberar a construção de um condomínio da empresa Sunday Participações LTDA. em um terreno pertencente ao ministro e seus irmãos na Praia da Baleia em São Sebastião, litoral de São Paulo.

Em carta enviada ao jornal, Afif acusa a advogada especialista em direito ambiental Maria Fernanda Carbonelli e Maria Antonia Civita, viúva do empresário Roberto Civita, dono da Editora Abril, morto em maio de 2013, de pressionarem o promotor Silvio Marques, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, responsável pela ação. Segundo Afif, Maria Antonia, que tem uma casa na Praia da Baleia, ameaçou "usar a imprensa" para pressionar tanto a Cetesb quanto o Ministério Público a proibirem o empreendimento.

Afif diz ter comprado uma "grande área" na Praia da Baleia há 40 anos em sociedade com seus irmãos. "Acreditei que seria, no futuro, a nossa previdência." Com a construção da Rodovia Rio-Santos, o ministro e seus irmãos construíram quatro condomínios compostos "de casas de alto padrão que foram adquiridas por famílias ricas que transformaram a área em uma das mais valorizadas do litoral paulista".

Recentemente, Afif e seus irmãos decidiram construir o quinto condomínio associados a uma empresa que ficou incumbida de aprovar o projeto.

A partir de então Maria Fernanda e Maria Antonia teriam se unido para evitar a obra sob alegação de danos ambientais. "Mediante a ameaça de usar a imprensa contra quem discordava de suas convicções, Dona Maria Antonia Civita começou a fazer campanha procurando autoridades e forçando-as a não aprovar projetos de construção no local", diz Afif.

A Cetesb negou inicialmente a autorização alegando a existência de 80 espécies em extinção na área. Os responsáveis pelo condomínio afirmam que a obra vai manter intactos 100 mil dos 120 mil metros quadrados do terreno e pediram um laudo do Instituto de Botânica de São Paulo, que atestou a viabilidade ambiental do projeto. Mediante um recurso impetrado pela "Fazenda Estadual", segundo Afif, o Tribunal de Justiça autorizou a obra.

Maria Antonia e a advogada teriam então procurado o Ministério Público Estadual para denunciar supostas pressões do então vice-governador sobre as responsáveis pelo laudo.

De acordo com o ministro, elas negaram em juízo terem sido pressionadas por Afif e, ao contrário, apontaram a interferência de Maria Antonia Civita, mas o promotor teria "ignorado" os depoimentos e instaurado a ação de improbidade na qual duas biólogas, autoras do laudo, também são rés.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaMinistério da Justiça e Segurança PúblicaMinistério Público

Mais de Brasil

Ministério Público vai apurar acidente de avião em Ubatuba

'Presidente quer fazer eventuais mudanças ainda este mês', diz Rui Costa sobre reforma ministerial

Prefeito de BH, Fuad Noman volta a ser entubado após apresentar instabilidade respiratória

Lula edita MP que prevê pagamento de R$ 60 mil a pessoas com deficiência causada pelo zika vírus