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Aécio perdeu, mas sua política vai governar, diz Belluzzo

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, conselheiro econômico de Dilma, assinou manifesto cobrando da presidente coerência com o discurso de campanha.


	 Luiz Gonzaga Belluzo, conselheiro econômico de Dilma Rousseff, assinou petição rejeitando nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda
 (ALEXANDRE BATTIBUGLI)

Luiz Gonzaga Belluzo, conselheiro econômico de Dilma Rousseff, assinou petição rejeitando nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda (ALEXANDRE BATTIBUGLI)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 26 de novembro de 2014 às 15h01.

São Paulo - A política econômica esperada do provável ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é a mesma defendida pelo candidato derrotado à presidência Aécio Neves (PSDB).

É o que diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e conselheiro econômico da presidente Dilma Rousseff. “O Aécio não ganhou, mas a política econômica dele é que vai governar”, afirma.

Belluzzo é um dos intelectuais que assinam o manifesto “Em defesa do programa vitorioso nas urnas”. O abaixo-assinado online já tem mais 3.600 assinaturas e cobra de Dilma coerência entre o discurso de campanha e as práticas de governo.

Além de Joaquim Levy, outro alvo da petição é a senadora Kátia Abreu, indicada para ocupar o Ministério da Agricultura. 

Thomas Lee/Bloomberg

Joaquim Levy no evento Finance Asia Brazil Investment em Hong Kong em 2010

Joaquim Levy: atualmente, ele chefia a divisão de gestão de ativos do Bradesco

“Eu votei na Dilma porque ela defendia um certo tipo de visão. E aí ela monta um ministério que dá um recado ao contrário. É uma entrega a uma concepção que não foi oferecida na campanha”, afirma Belluzzo.

O economista faz questão de deixar claro que não faz críticas pessoais aos indicados. "Falamos com base na biografia profissional dos indicados. E isso serve de retrospecto do que pode significar a escolha desse ministros", afirma. 

Para Belluzzo, parte das ideiais econômicas representadas por Joaquim Levy envolvem fazer um esforço de ajuste fiscal num contexto de economia em desaceleração. "Isso pode falhar, como mostra a experiência internacional, como o próprio FMI está mostrando na Europa”, diz.

Questionado se a presidente teria se rendido às pressões do mercado, Belluzzo brinca: “Você já viu filme de faroeste? Quando um mostra a arma, o outro levanta os braços.”

Para o economista, as indicações de Levy para o Ministério da Fazenda e da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura vão desarticular a base de apoio que ajudou a eleger a presidente numa das mais disputadas corridas presidenciais desde a redemocratização.

Dentre os que assinam o manifesto estão movimentos sociais que fizeram campanha para a presidente, como o MST.

"Os rumores de indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para o Ministério sinalizam uma regressão da agenda vitoriosa nas urnas. Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas", diz a petição.

Nenhum dos dois nomes foi oficializado pelo governo federal. Os anúncios estão previstos para amanhã.

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