Aécio pediu 2 milhões a dono da JBS, diz jornal
A PF teria rastreado o dinheiro e teria descoberto que ele foi depositado em uma empresa do senador Zezé Perrella, aliado do presidente do PSDB
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2017 às 20h32.
Última atualização em 17 de maio de 2017 às 21h54.
O empresário Joesley Batista entregou à Procuradoria-Geral da República uma gravação na qual o presidente do PSDB, Aécio Neves pede R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Operação Lava Jato.
Aécio e Joesley teriam se encontrado no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. Um trecho do diálogo foi revelado pelo Globo. Segundo o jornal, o diálogo gravado durou cerca de 30 minutos.
"Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança", propôs Joesley.
"Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do c...", teria respondido Aécio.
De acordo com O Globo, o presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. 'Fred' foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores da campanha do tucano a presidente em 2014.
O jornal afirma que o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, levou o dinheiro a Fred. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou uma delas.
Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro não foi repassado a nenhum advogado. As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte. Fez três viagens seguido pela Polícia Federal.
As investigações revelaram que o dinheiro não era para advogado algum. O assessor negociou para que os recursos fosse parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.
Joesley também afirmou, de acordo com O Globo, que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega era seu contato no PT e era com ele que tratava das propinas a serem distribuídas a petistas e aliados. Mantega também operaria os interesses da JBS junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Michel Temer
Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS, gravou o presidente Michel Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, disse o jornal O Globo em seu site nesta quarta-feira.
De acordo com o jornal, a gravação feita por Joesley é parte de declaração que os controladores da JBS deram à Procuradoria-Geral da República em abril.
A assessoria de impresa da Presidência não estava disponível para comentar, assim como assessores próximos do presidente, que estavam reunidos com ele.
Procurada pela Reuters, a JBS não comentou de imediato a matéria de O Globo.
De acordo com o jornal, na conversa gravada por Joesley com Temer, o dono da JBS conta a Temer que pagava a Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, um dos operadores presos na Lava Jato, para que ficassem calados. Os dois estão presos. De acordo com o jornal, ao receber a informação de Joesley, Temer respondeu: "Tem que manter isso, viu?"
No Congresso, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou que a bancada do partido vai se reunir para discutir os termos de um pedido de impeachment contra Temer. E o deputado Alexandre Molon (Rede-RJ) informou que já protocolou um pedido de impeachment.