Aécio afirma que houve ilegalidades no processo da PGR
Senador disse que a Procuradoria-Geral "falseou" informações e que "acredita na dimensão" dos ministros do STF, que podem torná-lo réu nesta terça-feira
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2018 às 19h27.
Brasília - Na véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal ( STF ), o senador Aécio Neves ( PSDB -MG) voltou a procurar a imprensa para tentar se defender da denúncia contra ele. Em conversa com jornalistas, nesta segunda-feira, 16, Aécio questionou "ilegalidades" no processo, disse que a Procuradoria-Geral da República ( PGR ) "falseou" informações e que "acredita na dimensão" dos ministros do STF, que podem torná-lo réu nesta terça-feira, 17. "Decisão do STF se cumpre", disse.
Com a expectativa de que a Primeira Turma do STF vai aceitar a denúncia nesta terça, Aécio declarou que "ninguém transformado em réu é considerado culpado a priori". "Principalmente com as fragilidades dessas acusações, seja em relação à obstrução de Justiça ou em relação a esse empréstimo que não envolveu dinheiro público. Qualquer investigação vai mostrar que isso foi uma construção envolvendo Joesley e membros do Ministério Público", reforçou.
Ele reclamou que não teria havido investigação no processo e também criticou a celeridade da elaboração da denúncia pela PGR, o que teria "impedido que conferências sobre os fatos fossem feitas". "O lamentável é que a ânsia de punir impediu aquilo que é normal, o inquérito. Se tivesse havido investigações, minhas alegações teriam sido comprovadas." Ele disse ainda que "se a Justiça falta hoje a um, amanhã faltará a outros".
O senador justificou a coletiva de imprensa, convocada na véspera do julgamento por sua equipe, como uma forma de se contrapor com suas "armas" ao "tsunami" de informações que o atingiram. "Ninguém foi lesado, a não ser eu e minha família."
Aécio afirmou ainda que suas tratativas com Joesley Batista, dono da JBS, sobre um empréstimo de R$ 2 milhões ocorreram entre pessoas "privadas" e que não envolveram dinheiro público. "Qual empresa pública foi prejudicada (por conversas com Joesley)?", questionou Aécio.
O parlamentar disse que Joesley Batista, ao gravá-lo, tinha uma "encomenda clara" e recebeu benefícios por ela (com o acordo de delação premiada). Também disse que, em trecho de outra conversa, os irmãos Batista afirmaram anteriormente que o senador nunca "fez nada" por eles.
Assim como já havia afirmado em artigo publicado na Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira, 16, Aécio disse que cometeu um erro, mas não cometeu qualquer irregularidade. "Não serão 20 minutos de uma conversa infeliz que vão definir minha história", declarou na coletiva de imprensa.