Zika: "O problema não é a Olimpíada, o problema são as outras viagens além da Olimpíada, caso haja um problema" (Reprodução / Rio Olympics Later)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2016 às 15h42.
GEnebra - Adiar a Olimpíada do Rio de Janeiro por conta de medo de que o evento possa acelerar a disseminação do zika vírus iria dar uma "falsa" sensação de segurança, já que turistas estão constantemente entrando e saindo do Brasil, disse o chefe do comitê de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Na sexta-feira, mais de 100 especialistas e cientistas pediram que a Rio 2016 seja adiada ou transferida por causa dos receios com a propagação do vírus, que está ligado à microcefalia, uma má-formação cerebral. A OMS rejeitou o pedido.
Viagens constantes no mundo globalizado é a questão, e não os Jogos Rio 2016, que têm início em 5 de agosto, disse David Heymann, chefe da Agência de Proteção da Saúde na Grã-Bretanha e que também chefia o painel independente de especialistas da OMS sobre o zika.
"O problema não é a Olimpíada, o problema são as outras viagens além da Olimpíada, caso haja um problema", disse Heymann à Reuters em entrevista por telefone de Londres nesta segunda-feira.
"Pessoas entram e saem do Brasil todo o tempo para férias, negócios, para tudo. E para a Olimpíada são menos viagens, seria uma viagem só. Acontece nos meses de inverno, quando, esperamos, a transmissão (do vírus) seja menor."
"Então é somente uma falsa segurança dizer que irão adiar a Olimpíada e adiar a globalização desta doença", disse.
Heymann pediu que os países supervisionem atentamente seus atletas voltando do Brasil, embora tenha acrescentado que os testes de diagnóstico do zika sejam "muito difíceis de obter no momento".
As autoridades nacionais de saúde deveriam alertar seus atletas e suas cidadãs em idade de concepção a se protegerem de picadas do mosquito transmissor com repelentes enquanto estiverem no Brasil e a praticar sexo seguro durante pelo menos três semanas após seu retorno, disse Heymann.
Trata-se de uma precaução para evitar que as mulheres contraiam o vírus, que pode causar microcefalia e outras anormalidades em bebês.
A conexão veio à tona no ano passado no Brasil, que já confirmou mais de 1.400 casos de microcefalia.
Referindo-se ao zika, Heymann disse: "As mulheres com idade para conceber que não estão grávidas deveriam conhecer os riscos antes de ir".