Acordo entre Vaticano e Brasil visava acalmar católicos
O acordo que rege as relações entre o Vaticano e o Brasil teria sido feito entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI por motivos eleitoreiros
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 09h37.
Genebra - O acordo que rege as relações entre o Vaticano e o Brasil, conhecido como concordata, teria sido feito entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI por motivos eleitoreiros e também como uma estratégia do PT para "acalmar os católicos", diante de sua aproximação com grupos evangélicos. Hoje, o tratado é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade.
A sinalização dessa intenção teria sido feita pelo vereador José Américo (PT), atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, em uma conversa colhida por diplomatas americanos sobre o "difícil equilíbrio" que o PT tem sido obrigado a promover na busca pelo apoio de evangélicos e de católicos.
Essas informações constam de um telegrama enviado pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo a Washington no dia 9 de novembro de 2009. Esse documento é um dos mais de 130 telegramas vazados pelo site WikiLeaks e obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Ao fazer uma avaliação do governo Lula e do PT, a diplomacia americana aponta para as relações do partido com os eleitores cristãos. "O PT parece estar colocando em prática uma estratégia religiosa", indicou. "Nos últimos anos, o PT trabalhou de forma cuidadosa para equilibrar seus atos tanto com apoiadores da Igreja Católica quando com as novas e emergentes igrejas evangélicas", diz o documento.
Segundo o telegrama, o apoio que o PT recebia de parte dos católicos brasileiros era "histórico". "Mas, na medida em que o partido foi ganhando apoio entre os evangélicos, a Igreja Católica esfriou suas relações com o PT". "O vereador do PT de São Paulo, José Américo, citou a recente concordata assinada entre Lula e o Vaticano como uma manobra-chave, estratégica para acalmar os católicos", continua.
Segundo o embaixador do Brasil na Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, Lula prometeu a Bento XVI, durante sua passagem pelo Brasil, em 2007, que o tratado seria assinado e ratificado durante o seu governo, o que acabou ocorrendo. Naquela visita, porém, o então chanceler Celso Amorim optou por viajar ao Canadá, num sinal interpretado pelo Vaticano como uma rejeição do ministro ao acordo.
Mobilização
Outro assunto que a diplomacia americana aborda, a respeito da estratégia do PT para manter seus apoios, é a utilização de jovens padres para mobilizar o eleitorado. "Américo também apontou para a potencial influência política dos católicos carismáticos, muitas vezes representados por jovens padres que cantam e são apresentadores com talento, e para um forte potencial para mobilizar votos para o PT", afirma o texto.
Genebra - O acordo que rege as relações entre o Vaticano e o Brasil, conhecido como concordata, teria sido feito entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI por motivos eleitoreiros e também como uma estratégia do PT para "acalmar os católicos", diante de sua aproximação com grupos evangélicos. Hoje, o tratado é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade.
A sinalização dessa intenção teria sido feita pelo vereador José Américo (PT), atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, em uma conversa colhida por diplomatas americanos sobre o "difícil equilíbrio" que o PT tem sido obrigado a promover na busca pelo apoio de evangélicos e de católicos.
Essas informações constam de um telegrama enviado pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo a Washington no dia 9 de novembro de 2009. Esse documento é um dos mais de 130 telegramas vazados pelo site WikiLeaks e obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Ao fazer uma avaliação do governo Lula e do PT, a diplomacia americana aponta para as relações do partido com os eleitores cristãos. "O PT parece estar colocando em prática uma estratégia religiosa", indicou. "Nos últimos anos, o PT trabalhou de forma cuidadosa para equilibrar seus atos tanto com apoiadores da Igreja Católica quando com as novas e emergentes igrejas evangélicas", diz o documento.
Segundo o telegrama, o apoio que o PT recebia de parte dos católicos brasileiros era "histórico". "Mas, na medida em que o partido foi ganhando apoio entre os evangélicos, a Igreja Católica esfriou suas relações com o PT". "O vereador do PT de São Paulo, José Américo, citou a recente concordata assinada entre Lula e o Vaticano como uma manobra-chave, estratégica para acalmar os católicos", continua.
Segundo o embaixador do Brasil na Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, Lula prometeu a Bento XVI, durante sua passagem pelo Brasil, em 2007, que o tratado seria assinado e ratificado durante o seu governo, o que acabou ocorrendo. Naquela visita, porém, o então chanceler Celso Amorim optou por viajar ao Canadá, num sinal interpretado pelo Vaticano como uma rejeição do ministro ao acordo.
Mobilização
Outro assunto que a diplomacia americana aborda, a respeito da estratégia do PT para manter seus apoios, é a utilização de jovens padres para mobilizar o eleitorado. "Américo também apontou para a potencial influência política dos católicos carismáticos, muitas vezes representados por jovens padres que cantam e são apresentadores com talento, e para um forte potencial para mobilizar votos para o PT", afirma o texto.