Sapato: apesar das negociações realizadas pelo Brasil para a liberação dos calçados, a Argentina autorizou apenas o embarque de uma pequena carga (Imeh Akpanudosen/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 15h19.
São Paulo - A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) criticou nesta segunda-feira o bloqueio imposto pela Argentina a seus produtos, uma decisão que provocou perdas estimadas em US$ 20 milhões nos últimos meses, afirmou à Agência Efe o presidente da entidade, Heitor Klein.
O governo argentino bloqueou recentemente 700 mil pares de sapatos brasileiros que deviam ser negociados no país vizinho durante o Natal, segundo a associação, que acrescentou que meses antes foi interrompida a chegada de outros 700 mil que deveriam ser comercializados na Argentina em outubro.
Apesar das negociações realizadas pelo Brasil para a liberação dos calçados, cujo envio tinha como data limite o dia 20 de dezembro, a Argentina autorizou há poucos dias apenas o embarque de uma pequena carga.
"O governo brasileiro iniciou contatos com o argentino. Dois ministros brasileiros viajaram à Argentina para flexibilizar a situação, mas os resultados ainda são pequenos. Tivemos uma liberação nos últimos dez dias de dezembro, mas o volume é pequeno", explicou o presidente.
Para Klein, a decisão do país vizinho está motivada pela pressão dos produtores nacionais e pelos dados da balança comercial, "favorável ao Brasil e que cria dificuldades para a economia argentina".
De acordo com a Abicalçados, a medida responde, além disso, à política "protecionista" da Argentina e pode ter um impacto na negociação que o Mercosul desenvolve com a União Europeia para alcançar um acordo de livre-comércio.
"A Argentina tem dificuldades para fazer uma proposta que permita levar adiante as negociações", comentou Klein.
Embora o bloqueio das importações do calçado brasileiro tenha se intensificado a partir de agosto, a situação vem se repetindo desde 1999 em diferentes setores da indústria brasileira, como os de móveis, confecção e linha branca de eletrodomésticos, lembrou Klein.