Brasil

A retomada das grandes usinas

A meta do governo é ampliar a capacidade instalada no país em mais de 40% nos próximos dez anos. Mas ainda há entraves importantes a superar

Termelétrica na China: obras grandiosas para atender à crescente demanda de energia (--- [])

Termelétrica na China: obras grandiosas para atender à crescente demanda de energia (--- [])

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h29.

As grandes obras que marcaram o setor elétrico nas décadas de 70 e 80 estão de volta. Nos próximos dez anos, pelo menos três projetos gigantescos devem sair do papel: as usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, e a primeira etapa de Belo Monte, no rio Xingu. Essa, pelo menos, é a expectativa do governo federal, que também conta com a instalação de usinas de menor porte, mas não menos importantes. O objetivo é garantir, até meados da próxima década, uma potência instalada de 134 gigawatts (GW) no sistema interligado brasileiro, ante os 94 GW atuais.

O mercado ainda se mostra cauteloso diante desses projetos energéticos monumentais, que também têm sido implantados lá fora -- a China, por exemplo, está investindo 25 bilhões de dólares na construção da usina hidrelétrica de Três Gargantas, que será a maior do mundo. Por um lado, os especialistas do setor no Brasil estão animados com o volume elevado de investimentos previstos no plano do governo federal -- a previsão para os próximos dez anos é de gastos da ordem de 40 bilhões de dólares. Por outro, ainda mantêm uma dose de ceticismo quanto à viabilidade dessas obras colossais. Afinal, embora o novo modelo do setor tenha definido o formato de contratação da energia, alguns entraves ainda persistem -- como as dificuldades para a obtenção de licenças ambientais. Em particular, já começaram a surgir problemas para licenciar as grandes hidrelétricas previstas para a Região Norte. Outro projeto que está atrasado por causa da legislação ambiental é o da usina nuclear Angra 3, prevista para entrar em operação em 2013. O principal motivo de controvérsia, nesse caso, é que não haveria um formato seguro de acondicionamento dos rejeitos nucleares.

Em defesa dos projetos hidrelétricos, o governo afirma que as novas usinas são muito mais ecológicas do que as obras hoje em operação. Enquanto as usinas existentes alagaram uma área de 0,52 quilômetro quadrado por MW instalado, os novos projetos devem exigir 0,27 quilômetro quadrado por MW -- pouco mais da metade. Tais medidas devem diminuir o impacto ambiental desses projetos, mas não são suficientes para tranqüilizar o mercado. A experiência com outros empreendimentos que, no passado, causaram polêmica devido ao porte grandioso, como as usinas de Itaipu e de Tucuruí, faz com que alguns especialistas temam possíveis atrasos nos cronogramas previstos pelo governo. Essa perspectiva deve ser levada em conta na licitação das novas usinas: é certo que os empreendedores vão exigir um preço maior pela energia por causa dos riscos associados aos projetos. E essa conta, fatalmente, será repassada aos consumidores.

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