A pensão milionária de "Manoel", a ex-mulher de Cabral
Os procuradores identificaram que parte da propina recebida pelo grupo era destinada a Susana Cabral, inclusive para pagar contas da família
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 21h22.
Última atualização em 29 de janeiro de 2017 às 15h45.
Ao avançar sobre o esquema de corrupção do grupo do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), atualmente detido em Bangu 8, a força-tarefa da Lava Jato no Rio chegou até a ex-mulher do peemedebista, Susana Neves, alvo de um mandado de condução coercitiva na manhã desta quinta-feira, 26, na Operação Eficiência.
A atual mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, está presa preventivamente acusada de utilizar seu escritório de advocacia para lavar dinheiro da propina destinada ao peemedebista.
Susana é mãe do deputado Marco Antonio Cabral (PMDB).
Os procuradores identificaram que parte da propina recebida pelo grupo era destinada a ela também, inclusive para pagar contas da família. Seu nome já havia aparecido na Operação Calicute, quando foi encontrado o codinome "Susi" nas planilhas de pagamentos dos operadores de Cabral, que somavam R$ 883 mil entre 2014 e 2016.
Agora, com as delações premiadas de dois operadores do mercado financeiro, os irmãos Marcelo e Renato Chaber, o MPF aponta que "os valores distribuídos à Susana Cabral eram de maior monta" e que também eram utilizadas as expressões "manoel", "manuel" ou até "motorista-manuel" para se referir aos repasses em dinheiro em espécie para ela buscados pelo motorista Manoel, da família.
Os delatores entregaram uma planilha detalhando os pagamentos a ela e admitiram que pagaram até contas de cartão de crédito de Susana de R$ 50 mil, além de outras despesas como 'IPVA, conta de luz, gás e escola'. Os repasses dos delatores para a ex-mulher de Cabral entre 2014 e 2015 somam R$ 274 mil.
Diante disso, o MPF pediu e o juiz Marcelo Bretas autorizou a condução coercitiva de Susana para descobrirem o nível de conhecimento que ela tinha da organização criminosa.
Defesa
O advogado Sérgio Riera, defensor da ex-mulher de Sérgio Cabral, afirmou que ela 'não sabia a origem' dos valores a ela repassados. "Para ela eram valores lícitos, era uma espécie de pensão. Não havia nada judicializado com relação a isso."