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A maior arma de Haddad: o fogo amigo adversário

Candidato petista conta com novas propostas impopulares e declarações descabidas da equipe de Jair Bolsonaro para ter alguma chance

Máscara de Jair Bolsonaro: faltam seis dias para o fim das eleições e a distância que separa Bolsonaro de Haddad já é tratada como irrecuperável até por líderes petistas (Nacho Doce/Reuters/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 06h41.

Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 07h31.

Um novo dia, uma nova oportunidade de pregar para os convertidos. A pouco mais de 100 horas do fim do segundo turno, o candidato petista Fernando Haddad tem feito menos para conquistar novos eleitores do que a equipe de Jair Bolsonaro (PSL) faz para tentar passar votos ao adversário. Nesta terça-feira, o petista vai ao Rio de Janeiro, onde termina o dia num evento com cantores do peso de Chico Buarque e Caetano Veloso. Vai ser uma festa, mas que provavelmente adicionará zero voto às fileiras petistas.

Haddad segue na estratégia de fazer concessões a conta gotas enquanto, nos bastidores, se aproxima de lideranças importantes de outras legendas. Ontem, ligou para o ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati, crítico do apoio do partido ao governo Temer.

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Mas o maior cabo eleitoral petista, nesta reta final de campanha, foi Eduardo Bolsonaro, filho do capitão reformado que concorre à Presidência. A declaração de Eduardo de que basta um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal foi duramente criticada por Fernando Henrique Cardoso, que afirmou que “beira o fascismo”. E lhe rendeu o apoio de dois candidatos derrotados no primeiro turno — Marina Silva (Rede) e José Maria Eymael. Segundo Eymael (DC), os comentários de Eduardo Bolsonaro “afastam qualquer possibilidade de neutralidade”.

Marina teve pouco mais de 1% dos votos; Eymael, muito menos que isso. Não é, portanto, um percentual capaz de levar Haddad a lugar algum. Mas os arroubos adversário fazem com que, a cinco dias das eleições, o candidato petista volte a sonhar com a tal “frente democratica” sepultada por Cid Gomes (PDT) na semana passada. Em entrevista ao Roda Viva na noite de ontem, Haddad reiterou que espera um apoio mais efusivo de Ciro Gomes.

A próxima leva de pesquisas só será divulgada na quinta-feira, com Instituto Paraná e Datafolha. Ontem, levantamento CNT/MDA mostrou  vantagem de 14 pontos percentuais pró-Bolsonaro. Até quinta, Haddad conta com mais fogo amigo do lado adversário. Ontem, a equipe de Bolsonaro falou em cobrar mensalidade em universidades públicas e novamente em extinguir o 13º salário. O candidato disse, em vídeo transmitido no domingo, que opositores podem escolher entre a cadeia e o exílio. São falas que em condições normais lhe tirariam votos.

Faltam só seis dias para o fim das eleições e a distância que separa Bolsonaro de Haddad já é tratada como irrecuperável até por líderes petistas. Mas a capacidade das trincheiras bolsonaristas de fornecedor munição aos adversários é surpreendente. No mínimo, servirá de combustível para a oposição a partir do dia primeiro de janeiro.

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