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A mãe chilena que cobrou lealdade do filho a Michel Temer

Mariangeles Maia enviou mensagem ao filho, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandando-o "não conspirar" contra o presidente Michel Temer, de quem é o sucessor direto

Notícias: sobre possível "conspiração" causaram mal-estar entre Temer e Maia (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de julho de 2017 às 09h17.

Última atualização em 24 de julho de 2017 às 09h44.

Rio - Mariangeles Ibarra Maia foi além de qualquer atitude padrão de uma mãe preocupada. A chilena enviou uma mensagem ao seu filho, presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandando-o "não conspirar" contra o presidente Michel Temer, de quem é o sucessor direto.

O aviso foi enviado em meio a acusações de que Maia poderia estar articulando secretamente para substituir o peemedebista no cargo. As notícias sobre a "conspiração" causaram mal-estar entre os dois.

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"Você me ensinou que eu tenho de ser leal, e assim eu sou", teria escrito o parlamentar do DEM quase cinquentão - ele tem 47 anos - à mãe zelosa. Em entrevista à GloboNews na terça-feira passada, o presidente da Câmara contou ter mostrado a mensagem materna a Temer, como garantia de sua fidelidade.

Quem conhece Mariangeles não se surpreendeu com o estilo - agora tornado público - de mãezona rigorosa com o filho crescido. Fontes ouvidas pela reportagem disseram que ela é considerada muito protetora, que preza sempre pela união familiar. No Brasil, Mariangeles tem a companhia da irmã, Carmen Ibarra, que também se casou no Chile com um brasileiro.

Casada com o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) desde o início dos anos 1970, ela é considerada mulher de forte personalidade, mas discreta e avessa a aparições. Deu algumas raras declarações públicas na presidência de Obra Social da prefeitura. O cargo, por tradição, é ocupado por mulheres dos prefeitos, como hoje é de Sylvia Hodge Crivella - casada com o prefeito Marcelo Crivella (PRB). César Maia foi prefeito do Rio por três mandatos (no período entre 1993 e 2009).

Mariangeles teve como atribuições organizar ações para pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade. Também discursou em nome do marido durante inaugurações de projetos ligados à saúde pública. Um dos seus orgulhos, obras no Morro Dona Marta, na zona sul do Rio, viraram objeto de discórdia com o sucessor de Maia, Eduardo Paes (PMDB). Ela considerou que o ex-prefeito não deu continuidade às realizações do marido. Mariangeles já demonstrara irritação com o peemedebista, sucessor de Cesar Maia, por críticas que fez ao seu padrinho político, durante a campanha de 2008.

Origens

Hoje vereador no Rio, Cesar Maia contou que conheceu Mariangeles durante seu exílio no Chile. Ele decidiu deixar o Brasil depois de ter sido preso pelos militares - na época, militava em uma organização de esquerda originada do PCB. No Chile, Mariangeles deu à luz aos gêmeos Rodrigo e Daniela, em 1970. Mais tarde, voltaram todos para o Brasil, ainda durante o regime militar. Depois, foi a vez da família de Mariangeles se exilar no Brasil, após o golpe de Augusto Pinochet, em 1973.

O presidente da Câmara foi procurado pela reportagem para falar sobre sua mãe, mas não deu resposta. Mariangeles também foi procurada para uma entrevista, por meio de seu marido, mas não respondeu. Questionado sobre a discrição de sua mulher, Cesar Maia disse que "como chilena, prefere acompanhar a política sem intervir diretamente". (Colaborou Wilson Tosta)

 

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