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A elite empresarial do país não quer mais ser omissa, diz Rubens Menin

Presidente do conselho de administração da Abrainc e dono da MRV, Rubens diz que a elite empresarial quer ser protagonista do debate político

Rubens Menin: "Não queremos mais ser omissos", diz o dono da MRV (Germano Luders/Exame)

Rubens Menin: "Não queremos mais ser omissos", diz o dono da MRV (Germano Luders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 09h43.

São Paulo - O setor de construção civil publicou na quarta-feira, 24, a poucos dias do segundo turno, um manifesto endereçado aos candidatos, em que cita, entre outros pontos, a importância da "defesa firme e obstinada da democracia" e da "observância irrestrita à Constituição". Presidente do conselho de administração da Abrainc, associação que reúne as maiores incorporadoras do setor - e que também assinou o manifesto -, Rubens Menin diz que a elite empresarial quer ser protagonista do debate político e que, por isso, decidiu apontar ao novo presidente "parâmetros" para que o País volte a crescer. "Não queremos mais ser omissos", diz o dono da MRV, maior construtora do programa Minha Casa Minha Vida no País.

O que motivou o manifesto? O setor vê algum risco à democracia do País?

Não vemos nenhum risco. É que as elites brasileiras são muito culpadas pelos problemas que estamos enfrentando hoje, em função de omissão. Quando a elite empresarial deixa de participar da vida pública, uma parte pior dessa elite participa, e de uma forma ruim - que foi o que aconteceu no Brasil. Não queremos voltar ao passado. Por isso, queremos ser protagonistas. É um manifesto republicano, que vai ao encontro dos anseios da sociedade.

Por que decidiram publicar o manifesto nesta semana, a poucos dias das eleições? É um recado para algum dos candidatos?

Não existe nada definido ainda. Quem for eleito terá de ser cobrado pela sociedade. A coisa não pode ficar solta como ficou. O manifesto foi um acordo entre 31 entidades, que levantaram ponto a ponto do que deve ser feito pelo possível ganhador do pleito. Não estamos fazendo política partidária. É o que o setor espera, vai cobrar e vai defender de forma proativa daqui para frente. Não queremos mais ser omissos.

O setor sempre foi muito próximo dos governos do PT, ajudou a desenhar o programa Minha Casa Minha Vida e teve a oportunidade de participar mais ativamente. Por que não o fez?

Discutíamos o setor, mas não tratávamos do tamanho do Estado, de Previdência, de corrupção. As entidades ficaram restritas aos interesses do setor, e não olharam a pauta do País. Agora, nossa pauta é ampla.

A construção civil apoia um dos dois candidatos?

As entidades são apartidárias e impedidas, pelos estatutos, de manifestar posição política.

O sr., particularmente, apoia Bolsonaro ou Haddad?

Acho que meu voto é importante, mas, como dirigente classista, não posso tornar pública minha opinião.

No manifesto, o setor ressalta a importância do "equilíbrio entre os três Poderes da República", poucos dias depois da repercussão de declarações sobre o fechamento do STF. Esse episódio preocupou vocês?

O que eu posso dizer é o seguinte. O Brasil precisa muito do investidor externo. Temos certeza de que ele só virá se o ambiente político for estável, se estivermos numa democracia, num estado de direito. O fato é que nenhum dos dois candidatos têm interesse de romper com a estrutura democrática brasileira. Estamos vendo muito 'auê' em torno desse assunto, mas não acredito que eles sejam tão pequenos a ponto de pensar nisso. Estamos apenas sinalizando para a sociedade que o estado de direito tem alguns princípios, que foram explicitados no manifesto. Não acredito que nossa democracia corra perigo. Temos uma imprensa forte, guardiã da democracia. Temos um Legislativo e um Judiciário fortes. A chance de virarmos uma Venezuela é zero.

O sr. não vê riscos à democracia, mas vê riscos à economia?

Estamos há quatro anos sem crescer e precisamos unir o País. Isso só vai acontecer se voltarmos a crescer. Não podemos aumentar carga tributária, as reformas precisam ser feitas. Não vemos o País feliz se a economia não crescer, no próximo governo, no mínimo 3% ao ano em média, apenas para recuperar o prejuízo e voltar ao zero a zero. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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