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'A chance de golpe é zero', diz Bolsonaro a revista

Em entrevista à 'Veja', presidente falou sobre as eleições e voto impresso, disse que não poderia tabelar os preços e voltou a questionar a eficácia da Coronavac

 (Alan Santos/PR/Flickr)

(Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 12h58.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 13h03.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que “a chance de um golpe é zero”. A declaração foi dada em entrevista à revista “Veja” publicada nesta sexta-feira. Na conversa, o presidente falou sobre as eleições de 2022 e voto impresso, disse que não poderia tabelar os preços da gasolina e do gás de cozinha e voltou a questionar a eficácia da vacina Coronavac.

Bolsonaro foi questionado se suas ações e falas seria a preparação para um golpe de Estado, o que o mandatário negou.

— Daqui para lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade — afirmou o presidente, fazendo uma referência aos processos de impeachments movidos pela oposição.

Na entrevista, Bolsonaro afirmou que vai concorrer à reeleição do ano que vem e disse que “não vai mais repetir o que aconteceu em 2018”. “O vice tem que ter algumas características, tem que ajudar você”, completou. Após frequentes atritos com seu companheiro de chapa, Hamilton Mourão, a expectativa é de que os dois não repetiam a dobradinha de quando foram eleitos. Bolsonaro, no entanto, não descartou essa possibilidade, embora tenha afirmado que vê o general da reserva com um perfil para o Senado.

— O Mourão, por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas no meu entender, seria um bom senador — disse.

Bolsonaro também não descartou a possibilidade de se filiar em algum partido do Centrão para concorrer as eleições do ano que vem:

— Sobre o partido, eu não vou fugir de estar no PP, PL ou Republicanos. Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles. O PTB ofereceu pra mim também.

Bolsonaro negou que tenha preferência para disputar a eleição contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, que recuperou seus direitos políticos este ano, aparece na liderança das intenções de voto para 2022, segundo a última pesquisa Ipec divulgada nesta semana. Sobre isso, Bolsonaro disse que o adversário se beneficia pelas críticas que faz à economia:

— Pesquisa é uma coisa, realidade é outra. O que o outro lado faz?: “Oh, no meu tempo o gás estava tanto, a carne estava tanto”. Eles ficam jogando isso aí, ele pegou uma economia de certa forma arrumada do Fernando Henrique Cardoso. Nós estamos arrumando a casa, engordando o porquinho, espero que o lobo mau não coma o nosso porquinho.

À "Veja", Bolsonaro relativizou a crise econômica e a alta dos preços de ítens de consumo como o gás de cozinha e a gasolina. Ao ser questionado, o presidente respondeu que não vai "tabelar ou segurar preços" e que "toda crítica cai no seu colo".

— Eu não vou tabelar ou segurar preços. Não posso tabelar o preço da gasolina, por exemplo, mas quero que o consumidor fique sabendo o preço do combustível da refinaria, o imposto federal, o transporte, a margem de lucro e o imposto estadual. Hoje toda crítica cai no meu colo. O dólar está alto, mas o que eu posso falar para o Roberto Campos [presidente do BC]? Quem decide é ele, que tem independência e um mandato. Reconheço que o custo de vida cresceu bastante aqui, além do razoável, mas vejo perspectivas de melhora para o futuro — disse o presidente.

Bolsonaro também prometeu que o Auxílio Brasil, novo programa social do governo, terá um mínimo de R$ 300. Segundo ele, o valor já foi acertado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao falar sobre o auxílio, o presidente também alfinetou o PT:

— Duvido que o PT se reelegeria com o Orçamento que eu tenho. Com toda a certeza eles iriam furar o teto de gastos.

Sobre o voto impresso, proposta defendida por Bolsonaro, afirmou que "não melaria" as eleições do ano que vem mesmo que o projeto não seja implementado — a Câmara rejeito a PEC que propunha a impressão de um comprovante do voto. O presidente ainda afirmou que se sente mais seguro a respeito da lisura do modelo eleitoral com a participação das Forças Armadas no processo de auditoria das urnas. Isso, porém, já acontecia desde o ano passado, antes mesmo de Bolsonaro acusar, sem provas, de que o pleito poderia ser fraudado.

— Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição. O que o Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. (...) Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia, desde que as instituições participem de todas as fases do processo — disse Bolsonaro.

Outro tópico abordado foi a pandemia. Bolsonaro afirmou que não mudaria a postura que teve no enfretamento à crise sanitária — mesmo tendo criticado o isolamento e minimizado a gravidade do vírus. Também voltou a questionar a eficácia da vacina CoronaVac e reafirmou que não tomou nenhuma dose do imunizante.

— Pergunto: a Coronavac tem comprovação científica? Não tem. Tomar vacina é uma decisão pessoal. Minha mulher, por exemplo, decidiu tomar nos Estados Unidos. Eu não tomei — declarou.

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