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A cartada do pressionado Vélez: a militarização da Raul Brasil

Ministro da Educação vai a Suzano discutir projeto com prefeito. Secretaria estadual de Educação, responsável pela escola, é contra

Escola Raul Brasil: alunos retomam as aulas nesta terça-feira, 26, com acompanhamento psicológico (Ueslei Marcelino/Reuters)

Escola Raul Brasil: alunos retomam as aulas nesta terça-feira, 26, com acompanhamento psicológico (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de março de 2019 às 06h55.

Última atualização em 25 de março de 2019 às 07h06.

O ministro da Educação, Ricardo Vélez, vai a Suzano (SP) nesta segunda-feira, 25, para discutir a viabilidade de militarizar a escola Raul Brasil, alvo de um ataque que matou oito alunos há duas semanas. Vélez vai discutir a viabilidade do projeto com o prefeito da cidade Rodrigo Ashiuchi (PR).

O problema é que a ideia foi sequer negociada com a secretaria de Educação de São Paulo, como revelou o jornal Folha de S. Paulo. A secretaria, responsável pela Raul Brasil, descartou a militarização, segundo o jornal.

O ministro, pressionado no cargo, é cobrado por uma agenda que vá além das nomeações e demissões polêmicas que têm como pano de fundo a interferência ideológica para a pasta. No sábado foi revelado que Vélez está proibido de fazer novas nomeações para o ministério, depois de dois nomes indicados por ele terem sido vetados pelo presidente Jair Bolsonaro. A última desnomeação foi a da pastora Iolene Lima para secretaria executiva, na sexta-feira.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, tanto o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, quanto o núcleo militar do governo buscam substitutos para Vélez, uma fonte constante de instabilidade em três meses de governo. Neste contexto, a militarização da escola em Suzano é um movimento do ministro para ganhar força, e tempo, no cargo.

A militarização é uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro. Um projeto piloto tem sido desenvolvido no Distrito Federal, que deve receber 10 milhões de reais de recursos federais para a transição de 36 escolas para o modelo. Quatro escolas já aderiram. O sindicato dos professores do Distrito Federal se posicionou contra a militarização.

Os custos das 13 unidades escolares controladas pelo Exército são três vezes maiores que o das escolas públicas tradicionais no Brasil, chegando a 19 mil reais por aluno por ano. As escolas têm, em geral, professores com maiores salários, mais estrutura física e alunos com renda média maior. É um conjunto de fatores que faz especialistas em educação questionarem se a militarização é de fato o diferencial necessário para o ensino público no país.

As aulas na Raul Brasil serão retomadas na próxima terça-feira, segundo a secretaria estadual de Educação. Hoje retornam à atividade os professores, que prepararão os materiais para receber os estudantes, amanhã. Nos últimos dias a escola passou por uma reforma, com pintura, troca de portas e de lâmpadas. Conversas em grupo e acompanhamento de psicólogos farão parte da rotina de estudantes, professores e funcionários.

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