8 dados que mostram o abismo social entre negros e brancos
Os negros são maioria das vítimas da violência e os que mais sofrem com a pobreza. Veja alguns dados que mostram a desigualdade social entre negros e brancos que ainda persiste no Brasil
Mulher negra em sessão solene da Câmara em homenagem ao Dia da Consciência Negra: as mulheres negras são as que mais se sentem inseguras (Gabriela Korossy/ Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2014 às 10h59.
São Paulo - A população negra brasileira ainda enfrenta um abismo de desigualdade. São os negros as maiores vítimas da violência e os que sofrem mais com a pobreza. Eles também têm pouca representatividade nas esferas políticas e tem renda média muito menor que a dos brancos.
A discussão sobre estas barreiras a serem superadas volta ao centro do debate nesta quinta-feira, quando o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo afro-brasileiro. Dos mais de 5,5 municípios do país, apenas 1.047 adotaram feriado na data.
Veja a seguir alguns dados que mostram esse abismo:
1. Mulheres negras são as que se sentem mais inseguras
Dados do IBGE mostram que as mulheres negras, quando comparadas com outros segmentos da população, são as que se sentem mais inseguras em todos os ambientes, até mesmo em suas próprias casas.
PROPORÇÃO DA SENSAÇÃO DE SEGURANÇA SEGUNDO LOCAL, SEXO, COR/RAÇA
(Juliana Pimenta/ EXAME.com)
Fonte: IBGE 2010
Esse padrão de vulnerabilidade se repete em outros indicadores de violência. Segundo dados do IBGE e do Ipea, a população negra é vítima de agressão em maior proporção que a população branca – seja homem ou mulher.
Sexo/cor
Vítimas de agressão
Homens brancos
1,50%
Homens negros
2,10%
Mulheres brancas
1,10%
Mulheres negras
1,40%
2. Brasil só teve um presidente negro
(Arquivo Nacional Brasileiro)
Nilo Procópio Peçanha foi o primeiro – e até agora o único - presidente do Brasil negro. Filho de pai negro e mãe branca, Peçanha assumiu a presidência após a morte de Afonso Pena e ficou no cargo entre 1909 e 1910.
3. Negros são maioria no Bolsa Família
(ROBERTO SETTON /EXAME)
A população negra é também mais vulnerável à pobreza. Sete em cada 10 casas que recebem o benefício do Bolsa Família são chefiadas por negros, segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça, do Ipea.
O perfil dos domicílios das favelas brasileiras também aponta para o abismo social que ainda persiste entre brancos e negros no Brasil. Dois terços das casas presentes nestas regiões são chefiadas por homens ou mulheres negros.
4. Joaquim Barbosa foi o primeiro presidente negro do STF
Presidente do STF, Joaquim Barbosa, em sessão plenária (Carlos Humberto/SCO/STF)
Antes de Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal Federal teve apenas outros dois ministros negros. O último deles, Hermenegildo de Barro, saiu do cargo em 1931. Ou seja, a corte ficou 72 anos sem nenhum representante afrodescendente. Em 2012, Barbosa se tornou o primeiro presidente negro da mais alta corte do país.
5. Mulheres negras são mais atingidas pelo desemprego
Entre a população negra, a taxa de desemprego é maior que entre os brancos. Segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça, do Ipea, enquanto o desemprego atinge 5,3% dos homens brancos, entre os negros, o índice chega a 6,6%.
Entre as mulheres, a diferença é ainda maior. Entre as brancas, o desemprego é de 9,2% enquanto entre as mulheres negras, ultrapassa os 12%.
6. Taxa de analfabetismo é duas vezes maior entre os negros
(Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Em 2013, a população branca tinha 8,8 anos de estudo em média, já a negra, 7,2 anos. A diferença, no entanto, já foi maior. Em 1997, os brancos chegavam a estudar por 6,7 anos em média e os negros paravam nos 4,5 anos – isso seria o equivalente ao primeiro ciclo do ensino fundamental.
Mesmo assim, a taxa de analfabetismo entre os negros (11,5) é mais de duas vezes maior que entre os brancos (5,2).
7. Renda dos negros é 40% menor que a dos brancos
Rendimentos médios reais recebidos no mês
Raça/Cor
Renda média
Brancos
R$ 1.607,76
Negros
R$ 921,18
Brasil
R$ 1.222,90
Fonte: Anexo estatístico da publicação Políticas Sociais
8. Menos de um terço dos candidatos a governador nas eleições deste ano eram pardos ou negros
São Paulo – Mais de 140 milhões de brasileiros eram esperados às urnas neste domingo de eleições. Em alguns estados, a votação para governador acaba já no primeiro turno. Foram reeleitos quatro governadores no primeiro turno das eleições. Quatorze estados vão levar a disputa para o segundo turno. PMDB elegeu a maioria dos governadores, com candidatos escolhidos em Sergipe, Tocantins, Alagoas e Espírito Santo. Em seguida, aparece o PT, com três eleitos, e o PSBD, com dois governadores. Veja quais governadores já estão eleitos para os próximos quatro anos de governo.
2. Espírito Santo: Paulo Hartung (PMDB)zoom_out_map
2/15(Divulgação/Marcos Fernandes/PSDB)
Paulo Hartung, do PMDB, foi eleito com mais de 53% dos votos, depois de 99% das urnas apuradas. Hartung foi governador do Espírito Santo por dois mandatos consecutivos, entre 2003 e 2011. Antes disso, havia sido deputado federal, senador, prefeito de Vitória e deputado estadual.
Com 99% dos votos apurados, o atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi reeleito com quase 56% dos votos. O rival Requião, do PMDB, teve 27% dos votos no primeiro turno. Richa já foi prefeito de Curitiba por dois mandatos e também deputado estadual, sempre pelo PSDB.
4. Santa Catarina: Raimundo Colombo (PSD)zoom_out_map
4/15(James Tavares/ Governo de Santa Catarina)
Raimundo Colombo foi eleito para mais um mandato, em Santa Catarina. O político teve quase 52% dos votos no primeiro turno, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em sua carreira política, Colombo já foi senador, deputado estadual e federal e prefeito de Lages por três vezes.
Com quase 90% das urnas apuradas, Flávio Dino, do PCdoB, foi reeleito para o governo do Maranhão com preferência de mais de 64% dos eleitores. Dino teve 1,6 milhão de votos nesta eleição. Antes de governar o Maranhão, ele foi deputado federal e prefeito de São Luís.
Marcelo Miranda foi eleito com 51,5% dos votos no primeiro turno, segundo dados do TSE. Miranda foi eleito mesmo depois de ter sido cassado em 2009 e impedido de assumir sua cadeira no Senado em 2010. O candidato já havia sido governador do Tocantins entre 2003 e 2010.
Paulo Câmara, do PSB, foi eleito para o governo de Pernambuco já no primeiro turno. Segundo a apuração, Câmara teve 67,7% dos votos. O economista foi secretário estadual de Administração, de Turismo e da Fazenda no governo de Eduardo Campos (PSB). Câmara tem 42 anos e é casado com uma prima de Campos.
O candidato do PSDB para o governo do São Paulo já está eleito para um novo mandato, com mais de 57% dos votos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Geraldo Alckmin, 61 anos, já foi vereador, deputado federal e vice-governador de São Paulo. Em 2001, assumiu o cargo de governador depois da morte de Mário Covas, foi eleito pela primeira vez em 2002 e reeleito em 2010.
Às 20 horas, com 85,84% das urnas apuradas, Wellington Dias (PT) foi eleito com 63,5%, totalizando mais de 885 mil votos. Com 52 anos, Dias já foi governador do estado entre 2003 e 2010 e, atualmente, era senador. O candidato foi ainda vereador de Teresina e deputado estadual e federal.
10. Minas Gerais: Fernando Pimentel (PT)zoom_out_map
10/15(Reprodução/Instagram/Pimentel)
Minas Gerais elegeu, com 52,8% dos votos, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel, do PT, para governador no primeiro turno. Pimentel foi prefeito de Belo Horizonte, entre 2003 e 2008 e secretário municipal da Fazenda e do Governo, na década de 1990.
O senador Pedro Taques foi eleito governador do Mato Grosso, com mais de 773 mil votos, ou 57,3% da votação no estado. O novo governador superou Lúdio Cabral, que teve 32,2% dos votos. Taques é formado em Direito e foi procurador do Ministério Público Federal.
Jackson Barreto, do PMDB, foi eleito governador com mais de 53,4% dos votos, na frente de Eduardo Amorim (PSC), que teve 41%. Barreto é o atual governador do estado e assumiu o posto depois que Marcelo Déda (PT) faleceu em 2013. Foi ainda deputado federal e prefeito de Aracaju por três vezes.
Rui Costa já foi eleito três vezes governador da Bahia e acaba de ser reeleito, com mais de 54% dos votos. Costa recebeu mais de 3,3 milhões de votos nestas eleições. O político já foi também senador e vice-governador do estado.
Alagoas elegeu no primeiro turno o candidato do PMDB Renan Filho. Filho teve 52,38% dos votos, segundo dados do TSE. O novo governador é filho do atual presidente do Senado, Renan Calheiros, e já foi deputado federal e prefeito do município de Murici duas vezes, entre 2005 e 2013.
15. Acompanhe as eleições em EXAME.comzoom_out_map
São Paulo - Em 13 estados e no Distrito Federal, as eleições para governador foram para o segundo turno. Em muitos estados, as pesquisas mostravam disputas apertadas e até empates, o que aumentou a expectativa para conhecer os vencedores. Veja as seguir nas imagens os 14 novos eleitos:
Em entrevista à EXAME, Pierpaolo Cruz Bottini afirma que fatos isolados, como a suposta trama para assassinar Lula, Alckmin e Moraes, pode não ser considerada crime se analisada de forma isolada