ApexBrasil reúne investidores e governos em fórum no Itamaraty
O Fórum Brasil de Investimentos traz os motivos para investir na maior economia da América Latina – e debate como gerar um ciclo de crescimento sustentável no país
EXAME Solutions
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 19h00.
Última atualização em 27 de novembro de 2023 às 16h35.
Pela primeira vez, o Palácio Itamaraty, em Brasília (DF), recebeu o 6º Fórum Brasil de Investimentos , que reuniu tomadores de decisões e investidores para discutir reformas, neoindustrialização e como gerar um novo ciclo de desenvolvimento no país de forma sustentável. O evento é resultado da parceria entre o governo federal, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Dirigindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do evento, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, lembrou que, na primeira gestão de Lula, em 2003, o fluxo de comércio do Brasil com o resto do mundo chegava a US$ 100 bilhões. Hoje, no terceiro mandato, esse volume está em US$ 600 bilhões. “O país perdeu tempo nos últimos anos para fazer esse fluxo crescer, devido às sucessivas crises que enfrentamos. É o momento de retomar o protagonismo do Brasil como espaço de atração de investimentos”, disse Viana.
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Lula, em seu discurso, falou sobre o novo momento do país que, segundo ele, deixa de atuar como coadjuvante no cenário internacional e passa a assumir o papel de protagonista do Sul Global – como são chamados agora os países em desenvolvimento. “Vamos garantir estabilidade política, social, fiscal, e a possibilidade de usar a inteligência empresarial de vocês para que este país possa chegar não a uma meta de 600 e pouco bilhões de dólares, mas 1 trilhão. Vamos buscar isso.”
O presidente ainda falou sobre desenvolvimento sustentável, um dos grandes temas do evento. Para ele, o Brasil tem uma oferta de recursos naturais e matriz energética limpa que pode colocá-lo na dianteira da economia verde no mundo. Lula também disse que há espaço para aumentar a produtividade agrícola sem exigir mais do meio ambiente. “O país não precisa fazer queimadas ou desmatar a floresta para aumentar a produção agrícola. Temos quase 40 milhões de hectares que podem ser recuperados, o que pode duplicar a produção de soja, algodão e gado sem prejudicar o que resta de conservação.”
Investimento em energia verde
No palco, ao mesmo tempo que tramitava a aprovação da reforma tributária no Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, defendeu que o Brasil agregue valor aos seus produtos verdes com indústria inovadora, gerando mais divisas. “Nós podemos usar o lítio para fazer a bateria; o aço verde, para fazer o carro verde. Temos mapeado um conjunto de investimentos em energia eólica, solar e biocombustíveis que dá possibilidades ao Brasil que nenhum outro país tem. Precisamos fazer parcerias para isso acontecer.”
Sobre a reforma tributária, o ministro destacou a importância das mudanças para a competitividade no país. “A disputa hoje entre os empresários se dá por planejamento tributário, não por produtividade. Não vence o mais produtivo, vence aquele com melhor advogado.”
Ainda participaram de painéis no BIF os ministros Carlos Fávaro, da Agricultura; Renan Filho, dos Transportes; Alexandre Silveira de Oliveira, de Minas e Energia; e Waldez Góes, da pasta de Integração e Desenvolvimento Regional.
No último dia do evento, foram anunciados quase R$ 40 bilhões em investimentos no país, sendo desses R$ 20 bilhões da Raízen em 20 plantas de etanol de segunda geração; R$ 750 milhões em uma parceria da Prumo Logística com a chinesa Ming Yang, em energia limpa; R$ 12 bilhões da refinaria Acelen em plantas de biocombustíveis para aviação; e R$ 4,5 bilhões da Atlas Agro, para a aceleração e a descarbonização da indústria de fertilizantes no país. Uma amostra de que motivos para investir no Brasil não faltam.