Manifestações: as passeatas estão programadas no dia em que o país pode atingir os 500 mil mortos pela covid-19. (Taba Benedicto/Agência Estado)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 12 de junho de 2021 às 10h57.
Última atualização em 12 de junho de 2021 às 14h37.
No último dia 29 de maio, movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de oposição organizaram manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro que reuniram milhares de pessoas em pelo menos 21 capitais e cidades do interior do país. Na pauta, estavam críticas ao ritmo lento de vacinação, o pedido da retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e do impeachment do presidente.
Foi o primeiro grande ato em mais de um ano e há a expectativa de que mais manifestações se repitam nas próximas semanas. Novos atos de oposição a Bolsonaro são apoiados por 52% dos brasileiros, 30% discordam dos protestos, e 18% não sabem.
Estes são os dados da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.252 pessoas entre os dias 7 e 10 de junho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. Clique aqui para ler o relatório completo. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
“Este patamar é alto e dialoga, tem uma relação bastante próxima, com aqueles que avaliam o governo como ruim ou péssimo. Obviamente que quem é contra a manifestação tem uma relação com aqueles que aprovam positivamente o governo”, explica Maurício Moura, fundador do IDEIA.
Os que mais apoiam as manifestações moram na região Nordeste, com 56%. Os que menos concordam estão no Centro-Oeste, com 44% favoráveis e 42% contrários. Entre os evangélicos, grupo que mais apoia o presidente Bolsonaro, os que não concordam com os protestos são maioria (43% a 38%).
Apesar de apoio majoritário, os brasileiros se preocupam que as aglomerações causadas pelos protestos possam agravar a situação da pandemia de covid-19, que ainda é crítica em todo o país. Prova disso, é que 48% dizem que não participam de manifestações. Para 22%, não é o momento de protestar nas ruas, 19% participam só se for contra o governo, e 11% caso seja favorável a Bolsonaro.
Para Maurício Moura, é muito provável que no próximo ano seja recorrente a realização de manifestações. “É esperado que o ano de 2022, com a situação sanitária mais controlada, haja várias manifestações nas ruas, tanto do lado do presidente, com uma base de apoio que tem se mostrado resiliente e sólida, quanto dessa camada muito significativa da população, quase majoritária, que desaprova o Bolsonaro”, afirma.
O alto apoio às manifestações tem ligação com a desaprovação do governo do presidente. As pessoas que avaliam o governo de Jair Bolsonaro como ruim ou péssimo somam 49%. Apesar de ter oscilado para baixo em relação à última pesquisa, esta variação está dentro da margem de erro.
Nunca antes na série histórica, medida desde o início do governo, a desaprovação ficou por tanto tempo com um valor próximo dos 50%. O patamar foi alcançado no dia 25 de março. Os que avaliam o trabalho do presidente como ótimo ou bom somam 26%, e os que consideram como regular são 23%.
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