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5 revelações curiosas sobre a prisão de Lula na ditadura

Nos 31 dias em que ficou preso no DOPS, Lula fez "assembleia" com os investigadores e assistiu a um jogo do Corinthians. Veja outros fatos

Luiz Inácio Lula da Silva (centro) em protesto por melhores salários em 1979: meses depois, ele seria preso pela Ditadura (IRMO CELSO/Arquivo/Abril)

Luiz Inácio Lula da Silva (centro) em protesto por melhores salários em 1979: meses depois, ele seria preso pela Ditadura (IRMO CELSO/Arquivo/Abril)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 18h13.

Última atualização em 6 de abril de 2018 às 15h24.

São Paulo - Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os militares devem ter se arrependido de tê-lo prendido durante a ditadura. A minha prisão politizou o movimento, afirmou em depoimento à Comissão da Verdade gravado nesta segunda-feira.

Em 1980, o ex-presidente, que já era um sindicalista influente, liderou uma grande greve de trabalhadores. Após 17 dias de paralisações, Lula foi levado para a prisão. "Os militares cometeram a burrice de me prender. Foi uma motivação a mais para a greve continuar, disse.

Mas ele diz ter sido bem tratado durante os 31 dias em que esteve na cadeia. Foi uma prisão VIP, brinca ao relatar que assim que chegou ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) foi guiado para a sala de Romeu Tuma, então diretor do órgão.

Os tempos eram outros. Lula foi preso quando o regime militar já dava seus primeiros sinais de esgotamento. "Se anos antes, um simples boletim sobre arrocho de salários gerava prisão, naquela época, a relação era diferente. Já no meu tempo, a gente ia para porta de fábrica e xingava coronel", afirmou.

Por isso, Lula afirma que relatou o que fazia nos sindicatos. "O que eu tinha que falar, eu falava. Os discursos nas portas das fábricas eram públicos", disse.

Veja alguns fatos curiosos sobre os 31 dias que o ex-presidente passou na cadeia:

Lula assistiu a um jogo do Corinthians na prisão

Romeu Tuma chegou a providenciar uma televisão para que Lula e outros presos assistissem a um jogo do Corinthians, seu time. "Não tenho de me queixar da relação que tive com o Tuma no tempo em que fui preso", disse.

Lula se opôs à greve de fome

Dos 31 dias em que esteve no cárcere, Lula fez greve de fome durante seis. Mas, no depoimento, ele afirmou que foi contrário à prática. "Sempre fui contra greve de fome, judiar do meu próprio corpo não é comigo, mas o pessoal decidiu", afirmou.

Fez assembleia com investigadores

Segundo Lula, o discurso típico do sindicalismo cativou os investigadores. "O fato de ser sindicalista e estar brigando por melhores condições de vida criou simpatia com os investigadores", disse.

O ex-presidente contou que, um dia, chegou a deixar Tuma muito nervoso porque ele estaria fazendo assembleia com os funcionários do DOPS.

A princípio, ele tinha divergências com a militância política

Apesar de atuante no movimento sindical, Lula afirmou que tinha divergências com a militância política – a começar por seu irmão mais velho, José Ferreira de Melo, o Frei Chico, que era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

"Eu dizia para o Frei Chico assim: 'O que você faz escondido, eu faço na porta da Volkswagen'", disse.

Lula foi vigiado durante 3 anos antes de ser preso

As investigações e o monitoramento de Lula começaram pelo menos três anos antes de ser preso. "Eles me vigiavam em cinema. Na assembleia, a gente notava que eles estavam lá. Às vezes, disfarçados no bar do sindicato. Na minha casa, por exemplo, eles paravam a perua na porta e passavam a noite", afirmou.

Segundo Lula, o fato virou até piada na família."Para encher o saco, a Marisa [Marisa Letícia, esposa de Lula] mandava fazer café e mandava levar para eles", disse.

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