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5 lições de casa que os aeroportos brasileiros precisam fazer para decolar

Estudo da A.T. Kearney destaca questões que devem ser ponderadas para que os aeroportos virem plataformas de crescimento econômico para o país

Aeroporto de Guarulhos é um dos três leiloados à iniciativa privada pelo governo (Rafael Matsunaga/Creative Commons)

Aeroporto de Guarulhos é um dos três leiloados à iniciativa privada pelo governo (Rafael Matsunaga/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 11h38.

São Paulo – A concessão dos aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Brasília à iniciativa privada foi um passo importante rumo ao desenvolvimento do sistema aeroportuário brasileiro, mas há ainda muito o que fazer, na opinião da A.T. Kearney.

Um estudo obtido em primeira mão por EXAME.com traz algumas recomendações da consultoria para que os aeroportos cumpram um papel estratégico no desenvolvimento econômico do país.

“O debate ficou muito focado na licitação, mas o grande momento é daqui para frente. É preciso enxergar os aeroportos como plataformas de crescimento econômico”, opina Tiago Monteiro, diretor da consultoria.

Questões como o esgotamento na capacidade para atender o aumento no número de passageiros e os atrasos e cancelamentos de voo devem ser debatidas, mas o planejamento estratégico das concessionárias deve ir além, na avaliação da consultoria.

Veja quais são os pontos considerados estratégicos pelo estudo para que os aeroportos brasileiros realmente decolem:

1. Definir o modelo de negócio

Cada aeroporto deve ter um modelo de negócios diferente, dependendo de fatores como localização geográfica, proximidade a centros urbanos, atratividade turística, complementaridade e concorrência com outras opções de transporte locais, entre outros. Compreender e definir a vocação ideal do aeroporto é um ponto crítico, segundo o estudo. “O potencial comercial de Brasília não é o mesmo do Rio ou de São Paulo”, diz Monteiro.

O modelo de negócios deverá ser definido em função das possíveis fontes de receita – parcerias com lojas e outros prestadores de serviços devem entrar na conta, por exemplo. O foco de atuação – será transporte de passageiros ou carga? é possível atuar como plataforma de apoio à exploração? – também deve entrar na conta e influenciar o perfil dos investimentos – por exemplo, a dimensão e as características dos terminais.


2. Tornar o negócio rentável

Para a consultoria, a diversificação das fontes de receita é um fator determinante para o sucesso dos aeroportos. No Brasil, as receitas não-aeronáuticas – ligadas a lojas, hospedagem, estacionamentos e publicidade – ainda são pouco exploradas, na avaliação da consultoria. “Mesmo os aeroportos mais completos, como o de Guarulhos, ainda deixam muito a dever a aeroportos de padrão internacional”, avalia Monteiro. A A.T. Kearney calcula que há um potencial de crescimento de 22% nestas receitas para todo o sistema aeroportuário brasileiro – que inclui 66 aeroportos.

A otimização na gestão das operações, com ajuste de recursos e melhoria da produtividade, também é um caminho para a rentabilidade, segundo o relatório. “Tendo por base o número de movimentos de aeronaves por pista, o potencial de melhoria pode atingir os 20% na média de todo o sistema”, diz o documento.

3. Fazer parcerias

Estabelecer uma rede de alianças estratégicas é outro requisito para o sucesso dos aeroportos, segundo a consultoria. O relatório recomenda parcerias com marcas (desde o segmento de varejo até o de alto luxo) e empresas de referência – incluindo companhias aéreas – que contribuam para atrair e reter tráfego e fluxo de passageiros. Contratos com empresas com experiência privada na gestão de aeroportos e prestadores de serviços especializados – como transfer, hospedagem, concierge, etc. - também são recomendados.

4. Adotar uma boa governança

O equilíbrio de interesses entre os membros dos consórcios devem ser assegurados através de regras e mecanismos de decisão eficazes e transparência quanto aos objetivos de cada parte, segundo o relatório. A presença da Infraero como sócia deve ser usada a favor do negócio, recomenda a consultoria. “[A Infraero deve] facilitar a regulação e equilíbrio no sistema aeroportuário e facilitar o relacionamento com os stakeholders e agentes (controladores aéreos, sindicatos de funcionários) do foro público”, diz o documento.


5. Reconhecer o potencial econômico indutor dos aeroportos

“Reconhecidamente em muitos países e regiões, os aeroportos são importantes motores de desenvolvimento econômico nacional, regional e urbano, cumprindo uma função importante no crescimento econômico”, destaca o relatório. É com esse olhar que a consultoria recomenda que as concessionárias olhem para os aeroportos brasileiros. “[O aeroporto de] Schiphol é considerado o principal porto da economia holandesa, pelo seu papel como plataforma de comércio internacional”, exemplifica o relatório.

Para que isso aconteça no Brasil, é preciso que os gestores dos aeroportos, em conjunto com outros atores da indústria, do comércio e do governo, se articulem e façam planejamentos de longo prazo, segundo a consultoria. Estruturas como parques industriais, conjuntos de escritórios e centros logísticos podem ser planejados em função da existência do aeroporto no local.

“No caso de Dubai, o setor da aviação é reconhecido com um motor primordial para a emergência do emirado como um centro global de negócios, comércio e turismo, diz o estudo. Segundo um levantamento da Oxford Economics, o setor suporta direta e indiretamente mais de 250 mil empregos (19% da população ativa do emirado), movimentando mais de 22 bilhões de dólares anuais (28% do PIB de Dubai).

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