42% das brasileiras já sofreram assédio, diz Datafolha
De acordo com especialista e representantes de grupos feministas, o número real de vítimas pode ser ainda maior
Luísa Granato
Publicado em 23 de dezembro de 2017 às 15h12.
Última atualização em 23 de dezembro de 2017 às 15h59.
São Paulo - Do escândalo em Hollywood ao Brasil: quatro em cada dez mulheres brasileiras relatam ter sofrido assédio sexual. Com 1.427 entrevistadas, a pesquisa da Datafolha tem uma margem de erro de dois pontos percentuais.
O resultado de 42% na pesquisa já é alto, mas número real de vítimas pode ser ainda maior. De acordo com especialistas e representantes de grupos feministas, há receio para denunciar e falta de informação sobre o que é assédio faz com que menos mulheres o identifiquem assim. Um levantamento da organização ActionAid com 503 entrevistadas mostra que 86% das brasileiras já haviam sofrido assédio em público.
O número também pode variar de acordo com a idade. Considerando apenas a faixa entre 16 e 24 anos, 56% das entrevistadas relataram ter sofrido com agressões.
Um terço das mulheres diz que o assédio ocorreu na rua, enquanto um quinto delas conta que a violência ocorreu no transporte público. O mesmo ocorreu com 15% delas no trabalho, 10% na escola e faculdade, e 6% em casa. Vale dizer que as entrevistas podem ter relatado a ocorrência em mais de um lugar.
Renda, escolaridade e cor da pele também são fatores que influenciam o problema. A promotora Maria Gabriela Manssur explica à Folha que, além de ter menos acesso à informação, as mulheres mais pobres também estão mais vulneráveis, o que coíbe a denúncia. "Elas podem perder o emprego, além de sofrer um julgamento social ainda maior".
Assim, embora 58% das mais ricas (acima de 10 salários mínimos) tenham relatado assédio contra 38% das mais pobres (até 2 salários mínimos), a chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher do DF, a delegada Sandra Gomes Melo, ressalta para a reportagem do jornal que todos os estratos de mulher sofrem assédio: "Talvez a mulher mais rica não vá sofrer tanto nos meios de transporte, porque não usa, mas vai sofrer no trabalho, por exemplo".
No recorte sobre cor de pele, aproximadamente 45% das negras e pardas dizem que já foram assediadas. As orientais são as que mais denunciaram, com 49%.