4 fatores que podem ser decisivos para as eleições de 2018
Faltando pouco mais de 17 meses para a disputa eleitoral, uma série de incertezas rondam o pleito
Valéria Bretas
Publicado em 21 de maio de 2017 às 06h30.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 05h24.
São Paulo – Uma coisa é quase certa para quem acompanhou o cenário político do Brasil no último ano: o impeachment de Dilma Rousseff , a estreia de Michel Temer na Presidência e os desdobramentos da Operação Lava Jato renderam um festival de incertezas para as eleições presidenciais de 2018.
Dado que os nomes tradicionais da política estão envolvidos em investigações de corrupção, os partidos podem encontrar dificuldades em lançar candidatos viáveis para entrar na corrida pelo Palácio do Planalto.
Faltando pouco mais de 17 meses para a disputa eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera hoje todas as pesquisas de opinião sobre as próximas eleições. No entanto, ainda não é clara qual seria a força dos prováveis oponentes de uma eventual candidatura petista - já que, na prática, ainda não foi lançada nenhuma candidatura.
Por enquanto, as únicas certezas que se têm, pelo menos segundo a gestora de investimentos Vista Capital, é que quatro fatores devem moldar o embate político de 2018 - que, em alguma medida, podem ser decisivos para o resultado final.
Em tempo: a análise que você vê a seguir foi feita antes da divulgação do conteúdo da delação dos executivos da JBS e, portanto, não leva em conta aspectos específicos, como as implicações da crise que atinge o governo Temer para as eleições de 2018:
O poder local dos partidos
As eleições municipais de 2016 remanejaram o regime de forças no sistema político local. De acordo com a Vista Capital, esse controle partidário nos municípios pode ser uma peça fundamental para resolver o quebra-cabeça do pleito de 2018.
Nesse sentido, com 255 prefeituras, o PT chega em desvantagem para a corrida eleitoral do próximo ano já que viu o número de prefeituras sob seu controle cair 60% em quatro anos (2012-2016). A base do governo Temer, por outro lado, domina4.156 municípios, sendo 1.036 governados pelo PMDB.
Financiamento de campanha
A Vista Capital acredita que a obtenção de financiamento também será um obstáculo às campanhas de 2018. Afinal, essa será a primeira disputa para a presidência e Congresso após a vigência da regra que proíbe a doação de empresas para campanhas eleitorais.
Para a gestora, o grupo de partidos formado por PT, PCdoB, PSol e PDT pode encontrar dificuldades para captar doações de pessoas físicas. “A fonte que irrigou a última campanha petista secou. As empreiteiras enfrentam dificuldades jurídicas e financeiras e o partido não tem mais o controle das torneiras estatais”, diz o relatório.
A atual base aliada de Temer, em contrapartida, deve ficar com 66% do fundo partidário contra os 20% destinados aos partidos que podem se formar para uma eventual candidatura de Lula.
A consultoria não exclui, no entanto, a possibilidade de uma manobra no Congresso para elevar o valor total do fundo partidário para o próximo ano.
O peso das redes sociais
As redes sociais devem ganhar ainda mais força na estratégia das campanhas para as eleições do próximo ano. E, nesse quesito, o ex-presidente aparece em desvantagem.
Segundo a consultoria, os números do ex-presidente e do PT estão estagnados nas redes sociais, enquanto nomes como o do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e do prefeito paulistano João Doria (PSDB) despontam, especialmente no Facebook.
Enquanto Bolsonaro é líder de seguidores, Doria se destaca em crescimento de fãs e no nível de interação com os usuários: com menos de 5 meses à frente da prefeitura de São Paulo, o tucano já tem praticamente o mesmo número de seguidores que Lula (2,77 milhões contra 2,83 milhões).
Para se ter uma boa ideia, segundo levantamento exclusivo da consultoria Medialogue para EXAME.com, Doria ganhou mais de 2 milhões de seguidores só nos 100 primeiros dias como prefeito da capital paulista – um crescimento de 495%.
Agendas prioritárias
Segundo a consultoria, a luta contra a corrupção deve dominar o debate da próxima corrida eleitoral.
Em 2015, o problema da corrupção assumiu o topo da lista de prioridades dos brasileiros pela primeira vez na história. De lá para cá, de acordo com a gestora de investimentos, a agenda de corrupção não mostrou sinais de melhora, pelo contrário.
Com os desdobramentos da Operação Lava Jato em curso, a corrupção deve ser a pauta prioritária para o próximo ano. Apostar em uma estratégia de combate à corrupção pode ser o elemento chave para concorrer ao pleito em 2018.