EXAME Agro

Pecuária e safra recorde de grãos impulsionam PIB do agro no 3º tri

Atividade econômica do agro avançou 0,4% no período, segundo IBGE

Bois no pasto: abates de bovinos contribui para alta do PIB do agro no 3º tri (Freepik)

Bois no pasto: abates de bovinos contribui para alta do PIB do agro no 3º tri (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 10h42.

A supersafra brasileira de grãos e o bom desempenho da pecuária impactaram positivamente a economia no terceiro trimestre de 2025, segundo economistas ouvidos pela EXAME.

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário registrou alta de 0,4% na comparação com o trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo período de 2024, o crescimento foi de 10,1%. No total, a economia brasileira avançou 0,1%.

O desempenho do terceiro trimestre superou as expectativas de analistas, que estimavam expansão de até 8% na comparação anual.

“O resultado positivo reflete o bom desempenho da produção pecuária, com números ainda robustos de abates de bovinos, aves e suínos. No caso das lavouras, o avanço não decorre apenas do aumento da produção, mas também do ganho de produtividade em culturas como trigo, laranja, milho e algodão”, diz Francisco Pessoa Faria, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).

Na safra 2024/25, o país colheu 350,2 milhões de toneladas, volume 16% superior ao do ciclo 2023/24, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Além disso, o Brasil deve bater recorde no número de abates de bovinos em 2025, com 41 milhões de cabeças, segundo projeções da consultoria agrícola Datagro. A produção de carne de frango e de suínos deve crescer 2,2% e 4,6% neste ano, respectivamente, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Segundo o IBGE, a produtividade do milho cresceu 23,5%, a da laranja 13,5%, a do algodão 10,6% e a do trigo 4,5%. A cana-de-açúcar, por outro lado, registrou queda de 1,0%.

“Quando você produz mais usando a mesma área plantada, não há necessidade de ampliar o uso de insumos — como fertilizantes, combustível ou outros custos operacionais. Ganhos de produtividade fortalecem o PIB ao ampliar o crescimento sem exigir aumento proporcional de gastos”, afirma Faria.

Para Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agro ampliou seu peso na economia ao longo de 2025. “Nos primeiros três trimestres de 2025, o agro representou 8,5% do PIB brasileiro, contra 6,9% em 2024. Quase 1,5 ponto percentual acima”, afirma.

PIB do agro no 4º tri

Com a divulgação do resultado do terceiro trimestre, as atenções se voltam agora para o desempenho do fim do ano — um período que, historicamente, mostra desaceleração. Ainda assim, Renato Conchon afirma que a sazonalidade típica do setor aponta para uma retomada moderada no último trimestre.

“Nossa previsão para o quarto trimestre é de um crescimento um pouco superior ao que vimos hoje. Quando olhamos o crescimento de 0,4% do terceiro trimestre comparado ao segundo, prevemos algo superior a isso.”

O economista ainda não estimou um número fechado, mas indica a ordem de grandeza: “Será algo entre 0,5 e 1 ponto percentual”.

Além disso, a supersafra de grãos deve seguir influenciando o PIB até março de 2026, quando será divulgado o fechamento oficial da safra 2025. “No resumo, a safra agrícola ajudará a impulsionar o PIB brasileiro, seja a safra de verão, a safrinha ou a de inverno”, afirma.

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