A revolução do agro: trigo tropical e menos gases do gado; veja vídeo
Trigo tropical, adaptado às condições climáticas do país, e leite de baixo carbono devem transformar a pecuária e agricultura, diz Celso Moretti, presidente da Embrapa, em entrevista à EXAME
Carla Aranha
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 12h40.
Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 13h32.
Líder mundial na produção de soja, com135,4 milhões de toneladas colhidas na última safra, e terceiro maior produtor de milho, o Brasil caminha para se tornar autossuficiente em relação ao trigo, calcanhar de aquiles da agricultura brasileira. Hoje, o país importa 65% do trigo que utiliza, principalmente da Argentina, responsável por 85% dos embarques, e da Ucrânia, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). "Estamos trabalhando com o trigo tropical, adaptado ao cinturão tropical do globo, poderá ter um gene, editado ou inserido, resistente à seca", diz Celso Moretti, presidente da Embrapa, em entrevista à EXAME. A expectativa é que o país produza 1,5 milhão de toneladas a mais por ano, 15% da produção atual. Veja mais no vídeo a seguir:
Outro ponto crucial para a agricultura brasileira também é foco de pesquisas da Embrapa. A alta de custos dos fertilizantes, impulsionada pela guerra na Ucrânia e sanções à Rússia, maior exportador mundial do insumo, reacenderam a necessidade de reduzir a dependência dos nutrientes importados. "Vamos aumentar a eficiência do uso de fertilizantes entre 10% e 20% por meio de uma maior utilização dos bionsumos", diz Moretti. A Embrapa vem intensificando as pesquisas com bactérias que captam nitrogênio da atmosfera e auxiliam o processo de nutrição das plantas, entre outros microorganismos capazes de promover a fertilização do solo.
Baixo carbono
Os estudos sobre mecanismos envolvidos na redução de emissões de gases de efeito estufa pelo gado também seguem em alta. A Embrapa deu início a um projeto em parceria com a Nestlé, baseado em sistemas de integração de lavoura, pecuária e floresta, para promover o sequestro de carbono. Atualmente, são conduzidos testes em 20 fazendas. Projetos em conjunto com o setor privado também avaliam elementos da ração do gado com potencial para contribuir com a menor emissão de gases.
"Também estamos trabalhando fortemente a soja de baixo carbono ", diz Moretti. O consumo reduzido de água e outras práticas de sustentabilidade fazem parte da agenda. "O mercado de carbono pode ser a terceira cultura da agricultura brasileira", afirma.
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