Reality show: por que gostamos tanto de BBB, A Fazenda e afins?

Examinando mostra porque os reality shows prendem a atenção de tantas pessoas através de competição e relações sociais, e conseguem recordes de audiência

Você já deve ter escutado ou até mesmo falado a frase “eu não tô fofocando, só comentando”. No geral, ninguém admite o interesse pela vida alheia, mas ele existe. Pra exemplificar isso, basta olhar para uma coisa que a maioria das pessoas adora: os reality shows. Com a promessa de transmitir a vida real na TV ou na internet, os realitys prendem a atenção de muita gente com conflitos, intrigas, companheirismos e de um modo geral, relações sociais.

Eles são dos temas e assuntos mais diversos possíveis, comida, convivência, sobrevivência, música e geralmente colocam os participantes em situações extremas, seja no convívio social ou na resistência. Mas por que será que os reality shows prendem tanto a nossa atenção e o nosso interesse? É isso que a gente vai te explicar no Examinando de hoje.

Começo de ano é uma época que as pessoas geralmente gostam. Estão empolgadas com o início de um novo ciclo, com novas metas e esperando o começo da nova edição do Big Brother Brasil. Você pode até não gostar nem acompanhar o programa, mas com certeza conhece alguém que assiste. Aqui no Brasil, o BBB teve a primeira edição em 2002. A segunda temporada foi exibida nesse mesmo ano, e a partir da terceira edição, passou a ser anual. O programa geralmente começa em janeiro e vai até a metade ou final de abril.

O BBB é hoje um dos principais reality shows da TV brasileira, mas apesar do sucesso de audiência por aqui, o Big Brother foi criado na Holanda em 1999. O programa funciona com o confinamento de um número X de participantes em uma casa cenográfica. Essas pessoas são vigiadas por câmeras 24 horas por dia, e não têm conexão com o mundo exterior. Os participantes não podem se comunicar com seus parentes e amigos, ler jornais ou usar qualquer outro meio para ter informações do mundo externo.

Esses participantes são escolhidos pela produção do programa, e têm o direito de desistir a qualquer momento do programa. Em cada semana, duas ou três pessoas são indicadas pelos companheiros para enfrentar o voto popular. No famoso paredão, o mais votado pelo público é eliminado. Os participantes têm como objetivo vencer as provas, superar as eliminações semanais e ficar na casa até o último dia, quando o público escolhe quem será o ganhador do grande prêmio final.

No décimo paredão do Big Brother Brasil 20, foi constatada a maior votação do programa e de reality shows no mundo, com mais de 1 bilhão e 500 milhões de votos na disputa entre os participantes Felipe Prior, Manu Gavassi e Mari Gonzalez. A votação entrou pro livro dos recordes como "a maior quantidade de votos do público conseguidos por um programa de televisão".

Estou aqui explicando como funciona o BBB, mas tenho certeza que isso você já sabe bem. Agora o que você pode não saber é que o Big Brother foi inspirado em um livro chamado 1984, do escritor George Orewll. No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário que controla toda a população. Na história, todos os cantos públicos e privados estão ligados às “teletelas”, uma espécie de câmera capaz de monitorar, gravar e espionar a intimidade da sociedade.

Escrita no século 20, a obra é uma crítica ao totalitarismo, já que os moradores não poderiam, de forma alguma, contestar o sistema criado pelo regime. No BBB, o Grande Irmão é na verdade o apresentador do programa. Ele é o único contato que os participantes têm com o mundo fora da casa. Além disso, na versão brasileira, o apresentador também assume a função de grande irmão ao instruir psicologicamente os participantes.

Que o BBB é um sucesso de audiência ninguém pode negar, mas ele não é o único programa inspirado no livro 1984. Algumas outras referências à obra na cultura pop são:

O filme O Show de Truman, que conta a vida de Truman, um agente de seguros que não sabe que, desde pequeno, tá vivendo em uma realidade simulada por um programa da televisão, transmitido 24 horas por dia para pessoas ao redor do mundo.

E The Circle, o novo reality show da Netflix é simples: oito pessoas que moram em um complexo de apartamentos, isoladas umas das outras, são capazes de se comunicar apenas através de uma plataforma de mídia social — o "Círculo". O desafio é que os participantes podem mentir e omitir informações na corrida pelo prêmio de US$ 100 mil, ou seja, ninguém sabe quem está mentindo ou falando a verdade.

Deixando o livro de Orwell a parte, os reality shows prendem tanto a nossa atenção porque mostram basicamente a vida de outras pessoas. Além do BBB, outros programas que fazem sucesso no Brasil são:

A Fazenda, que segue a mesma lógica de confinamento de pessoas do Big Brother, mas ao invés de ser em uma casa, é em uma fazenda. Também tem o MasterChef, que é um dos maiores realities de culinária do mundo e revela novos talentos na cozinha. Ainda tem o The Voice, reality show musical em que quatro equipes lideradas por grandes nomes da música competem entre si, cantando em duplas, grupos e individualmente. A grande maioria dos programas conta com a participação do público, e isso é outro motivo que cria o interesse das pessoas pela atração. Geralmente, a audiência influencia no jogo através de votações escolhendo quais participantes ficam e quais saem do programa, incluindo o vencedor final.

Um terço do mundo tem ao menos um reality show indo ao ar na grade televisiva por ano. Isso representa sessenta e sete países. Os estilos preferidos do público são shows de talento, culinária, romance, confinamento, estilo de vida, imóveis e obras e sobrevivência.

Diferente de outros tipos de programa, os reality shows criam uma sensação de identificação. Com o plico cada vez mais engajado e ativos nas redes sociais, é comum que se criem torcidas e um envolvimento emocional com os participantes, porque o desejo de acompanhar a vida dos outros é uma curiosidade natural da vida em sociedade.

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