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Nosso foco para o 4G e 5G é o atacado, diz Sergio Bekeierman, da Winity

Conheça o plano da operadora estreante e vencedoras do leilão do 5G, que investiu 1,4 bilhão de reais pelo lote de 700 MHz, e que poderá operar em todo o Brasil

Sergio Bekeierman, CEO da Winity (Foto/Reprodução)

Sergio Bekeierman, CEO da Winity (Foto/Reprodução)

Uma das vencedoras do leilão do 5G finalizado nesta sexta-feira, 5, foi a Winity II Telecom Ltda. Para arrematar uma faixa no leilão, a empresa apresentou lance de 1,427 bilhão de reais pelo lote 1, de 700 MHz, e poderá prestar serviços de telecomunicações em todo o território nacional.

Criada pela Pátria Investimentos, uma das mais tradicionais gestora de ativos do país, e que tem sede nas Ilhas Cayman, a Winity é uma provedora de infraestrutura wireless (sem fio) jovem, fundada em 2020, e que não deve atuar em segmentos do varejo como os da Claro, Tim e Vivo.

Em entrevista à EXAME, na noite de quarta-feira, Felipe Pinto, sócio da Pátria, e Sergio Bekeierman, CEO da Winity, deram detalhes sobre como pretendem desenvolver um plano de implantação de cobertura celular em modelo de atacado, ou seja, vender conectividade móvel para outras empresas. Veja os principais trechos: 

O que a Pátria Investimentos quer em telecomunicações? 

Felipe Pinto - Nós investimos em tecnologias de informação e dados há pelo menos 10 anos. Começamos em 2012 com uma empresa chamada Highline, que vendemos em 2019, mas nunca deixamos de olhar para o setor. Em 2020, percebemos uma enorme demanda por infraestrutura de telecomunicação que crescia pela consolidação do 4G, e devido à espera pelo 5G. Decidimos criar a Winity com o objetivo estritamente de ser uma operadora de atacado. Não atenderemos o consumidor final, como as operadoras tradicionais, ficando nos bastidores das telecomunicações em nível nacional e regional.

Então o leilão do 5G foi uma chance de retorno ao setor? 

Felipe Pinto - Eu diria que a gente nunca saiu. Mantivemos investimento em empresas como a Odata, de processamento de dados, e na operadora Vogel Telecom, que foi vendida. Isso garante uma experiencia acumulada sobre como a indústria vai se comportar e sobre como construir de forma eficiente a infraestrutura que vai nos gerar oportunidades de negócios.

E qual foi a estratégia por trás do arremate que deixou o ágio acima de 800%? 

Sergio Bekeierman - Nos arrematamos a faixa de 700MHz do espectro, uma faixa considerada nobre e que tem uma versatilidade nas possibilidades de operação. Ela serve muito bem ao 4G, que consideramos que ainda é a principal tecnologia nas telecomunicações brasileira, e também permite trabalhar o 5G, no futuro próximo. Fazia sentido arrematar este ativo de cobertura nacional e que tem uma versatilidade de uso.

Mas com o lance vocês terão de cumprir uma série de obrigações. Há uma lista de localidades que vão receber 4G, como pequenas cidades e rodovias federais, e que elevam o custo da operação. Vale o investimento?

Sergio Bekeierman - Isso foi o ponto principal da nossa preparação para o leilão. Entender no detalhe o tipo de compromisso que estávamos assumindo ao ganhar o direito de explorar o espectro. Trata-se de um investimento total na ordem dos 2 bilhões de reais. Mas nos temos um longo plano de rentabilização e de capitação de clientes.

Ainda que a atuação da Winity seja no atacado, com a entrada de vocês o que muda para o consumidor final?

Sergio Bekeierman - Uma vez que a gente consiga dar cabo ao nosso plano, os consumidores vão sentir a nossa presença por meio de uma maior cobertura das redes de internet móvel e telefonia. Rodovias que hoje não possuem 4G são um exemplo. Também vamos dar uma maior racionalidade no comportamento do próprio setor, que terá mais recursos para a oferta de serviços, a medida que disponibilizamos nossa infraestrutura.

Do ponto de vista da competição, o leilão de hoje foi uma chance de redesenhar a posição dos players?

Sergio Bekeierman -A Anatel foi muito feliz permitindo modelos novos de exploração das frequências. Agora vão existir diversas operadoras com ativos que se complementam, aumentando a possibilidade de monetizar a cobertura. No modelo antigo, uma operadora ganhava o direito e ai seguia sobrepondo os sinais na mesma faixa do jeito que considerasse melhor. Daqui em diante, temos a chance de diversificar as tecnologias e aproveitar de uma maior divisão da infraestrutura. No nosso caso, a competição não se dará com as grandes operadoras do varejo, já que não temos a intenção de rivalizar com os serviços que ela já oferecem ao seus clientes.

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