Vivo: a desocupação das faixas de MMDS já estava acertada desde 2012, como condição por parte da Telefônica/Vivo para aquisição das faixas do leilão de quarta geração (4G). (Telefônica | Vivo)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 23h08.
São Paulo - A desocupação das faixas de radiofrequência em MMDS, usadas pela Telefônica/Vivo para a prestação dos serviços de TV por assinatura da Vivo TV, deve acelerar a mudança no perfil de clientes da empresa em televisão paga, com foco na maior receita média por usuário. Analistas apostam no maior esforço para comercialização do serviço de televisão via internet, o IPTV, via fibra e cabo, junto com pacotes de banda larga de alta velocidade e telefonia fixa e móvel este ano.
A desocupação das faixas de MMDS já estava acertada desde 2012, como condição por parte da Telefônica/Vivo para aquisição das faixas do leilão de quarta geração (4G). A empresa conta com cerca de 30 mil clientes no Rio, 29 mil em São Paulo e 3,7 mil em Curitiba e Porto Alegre com TV paga via MMDS. Nesta quarta-feira, a Telefônica/Vivo informou que encerrará todos estes serviços até o fim de maio, oferecendo algumas opções de migração para outros pacotes.
A expectativa dos especialistas, porém, é de que boa parte destes clientes possa ser perdida pela empresa, em parte pelo acirramento da concorrência na oferta de serviços de TV paga, sobretudo de via satélite (DTH). "O foco da empresa já vem sendo a expansão da fibra com a TV paga via internet (IPTV)", diz o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude. "Esse crescimento, porém, vai ser lento", afirmou, em referência à dificuldade da empresa na expansão da rede de fibra óptica.
Os próprios números da empresa apontam para uma menor estratégia comercial de televisão paga. Em 2012, a operadora registrou uma queda de 14,2% no total de acessos de TV por assinatura, para 600 mil. Como comparação, o setor cresceu 27% em 2012. Os dados preliminares deste primeiro trimestre seguem essa tendência. Em janeiro, o número de clientes de TV paga da empresa recuou a 586 mil e, em fevereiro, a 564 mil. "Essa base vem recuando em razão de dois movimentos: desconexão do MMDS e lançamento do IPTV", aponta o analista da CGD Securities Alex Pardellas.
De acordo com o analista da consultoria Frost & Sullivan Renato Pasquini, a Telefônica/Vivo pretende focar a estratégia nos serviços convergentes, algo em que a NET se especializou nos últimos anos, conquistando até mesmo clientes da empresa. "Isso vai facilitar uma série de processos internos", disse.
O novo serviço de IPTV baseado na plataforma da Microsoft é, inicialmente, oferecido aos clientes de fibra em São Paulo, região metropolitana e interior. A rede de fibra da operadora está disponível em um milhão de domicílios, mas, segundo os dados do último balanço da empresa, conta com 112 mil assinantes.
Segundo Pardellas, o impacto dessa estratégia para a empresa não deverá afetar a receita consolidada. Ele ressalta que os 600 mil assinantes de TV do fim de 2012 representam uma pequena parte do total de 91,1 milhões de clientes de telefonia móvel, fixa e banda larga da companhia. "Os serviços de televisão apresentam a menor margem do setor de telecomunicações, pois as empresas precisam comprar o conteúdo para oferecer na programação", destacou. Conforme Pardellas, a empresa poderá defender a base com os serviços de internet de alta velocidade.
O conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Marcelo Bechara avalia que a desocupação de faixa de radiofrequência para a adoção do 4G não deve afetar o mercado de TV paga no Brasil. "O MMDS, vamos ser honestos, tem um número de usuários praticamente inexpressivo", disse nesta quarta-feira, em evento, em São Paulo. De acordo com Bechara, há cidades com registro de apenas dez clientes do serviço de TV paga por MMDS. "Hoje, tem tanta tecnologia de cabo e de DTH, que as operadoras não querem mais utilizar o MMDS para TV por assinatura, e sim para banda larga." (Colaborou Kellen Moraes)