Quem deseja um tablet principalmente para assistir a vídeos encontra no Breeze uma opção econômica e versátil (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2012 às 13h15.
São Paulo - A surpresa positiva nos testes com o Breeze foi a tranquilidade para rodar vídeos em 1080p nos formatos XviD, MPEG-4 e MKV com legendas em arquivos separados. O único reparo fica para a exibição de caracteres estranhos em letras acentuadas. Outro bom recurso é a porta USB para receber pen drive ou teclado. Mas sobram restrições ao aparelho. As mais graves são a qualidade da tela e a falta da loja de aplicativos.
Há pouco o que elogiar na configuração do Breeze. Em contrapartida, também há pouco o que censurar. O chip principal da máquina (Rockchip RK2918) utiliza um núcleo Cortex A8 que roda a 1,2 GHz. Trata-se de uma CPU quase idêntica à utilizada pelo system-on-a-chip A4 do iPhone 4. Embora a Rockchip tenha aumentado o clock da CPU, não se pode depositar tanta confiança no Cortex A8 dentro do contexto do Breeze: a tela de resolução maior e o sistema operacional mais pesado impõem obstáculos consideráveis ao trabalho do processador. Espremer um sistema como o Android em apenas 512 MB de RAM também não é um design que trabalha a favor do Breeze. O resultado de tal combinação é uma experiência de uso pontuada por atrasos. Não se trata de nada muito grave, mas pode ser irritante.
Indo de encontro a uma tendência da indústria de valorizar a CPU em detrimento da GPU, a Rockchip implementou silenciosamente um processador gráfico relativamente avançado no system-on-a-chip do Breeze. A AOC não utiliza todos os recursos do RK2918, mas o pequeno tablet deu indícios de seu potencial ao longo dos testes. Todos os formatos de vídeo que o Breeze conseguiu reproduzir estavam em alta definição (1.080p), o que nos leva a crer que tarefas gráficas em geral (jogos, renderização de sites, etc.) não sejam excessivamente taxativas para o tablet.
Se há uma grande restrição prescrita pela configuração modesta do Breeze, esta é a do armazenamento interno. Esse tablet possui apenas 4 GB de memória interna, número que constrange qualquer amante de vídeos em alta definição. A AOC procurou amenizar os efeitos negativos dessa escassez de NAND com um slot para cartão microSD, mas é preciso lembrar que o SoC utilizado suporta cartões de no máximo 32 GB. É uma pena: como aludimos acima e discutiremos mais tarde, o Breeze é supreendentemente apto para reproduzir vídeos.
Assim como o hardware, o software do Breeze tem suas limitações. A mais gritante delas é a versão ultrapassada do Android. Como se trata do Gingerbread (Android 2.3), também poderíamos acusá-la de inadequada, pois se trata de um sistema desenvolvido para smartphones. No entanto, como a tela do Breeze não é tão grande, podemos ser um pouco (bem pouco) mais condescendentes quando criticamos esse aspecto da máquina. Bem mais difícil de justificar é o uso da versão 2.3.1. Pode-se até aceitar que um tablet não utilize o Android 3.0 (por ter uma tela menor) ou o Android 4.0 (por se tratar de um OS novo), mas o próprio Gingerbread já está na versão 2.3.7.
Depois do último parágrafo, o número pequeno de aplicativos pré-instalados não deve soar surpreendente. Entre eles podemos citar o leitor de e-books Shelves e o organizador de atalhos ConfigFácil. Ou seja, nada fora do normal.
Eis que, justamente quando entramos no aplicativo mais comum de todos, o player, o Breeze quebra todas as nossas expectativas e entrega bem mais do que se espera dele. Como comentados no início da resenha, o Breeze reproduz uma grande quantidade de tipos de arquivo de vídeo, todos em 1080p. Além dos formatos já comentados, podemos listar FLV, MOV, MPEG-1 e MPEG-2. Os formatos de áudio aceitos pelo tablet são AAC, MP3, WAV e WMA.
Mas a AOC foi mais longe e elevou o potencial multimídia do Breeze com uma saída miniHDMI que exporta o sinal em 1080p, como na fonte. Além da HDMI, o tablet oferece Wi-Fi, Bluetooth, P2 e duas USB. Uma dessas USB é de formato convencional e reconhece pen drives. Não sentimos tanta falta do modem 3G, mas ele deveria ter pelo menos um sistema de GPS. De qualquer forma, nenhuma dessas conexões brilha tanto quanto a HDMI, que pode transformar o Breeze em um centro de mídia portátil extremamente prático. Ou poderia, não fosse a falta de memória. O mundo da tecnologia também tem suas ironias trágicas.
Quem não tem uma TV à sua disposição não será decepcionado pela tela. Claro, ela nem se compara à dos tablets avançados, mas é pelo menos mediana. Curiosamente, a AOC optou pela mesma resolução comumente utilizada em notebooks de 13 a 14 polegadas. Embora o tamanho do display seja um pouco incomum (8 polegadas), gostamos do equilíbrio alcançado entre espaço para imagens e ergonomia. No entanto, a vantagem obtida pelo tamanho é negada pelo peso. Ironicamente, o Breeze pode ser tudo, menos tão leve quanto uma brisa: pesando 520 g , ele não demora para cansar os braços.
A bateria certamente não é a responsável pela massa avantajada do tablet. Em nosso teste de autonomia (e paciência), que se resume a reproduzir “Pulp Fiction” em loop com Wi-Fi e Bluetooth ligados, o Breeze suportou apenas 292 minutos. Ou seja, pudemos assistir ao filme de Tarantino apenas duas vezes antes que a tela apagasse, um desempenho que poderia ser melhor.