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Uma casa 3D para chamar de sua

Paulette Perhach © 2016 New York Times News Service Casas que podemos imprimir, transportar na traseira de um caminhão ou até mesmo de avião – o que parece coisa de ficção científica –, podem se tornar reais em um futuro não tão distante. Impelida pelas pressões do aquecimento global e do crescimento populacional e moldada pelas […]

CASA MODULAR EM AUSTIN, NO TEXAS: no futuro, você poderá colocar sua casa num drone e se mudar para outra cidade ou país / Ilana Panich-Linsman/The New York Times
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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2016 às 11h24.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h35.

Paulette Perhach
© 2016 New York Times News Service

Casas que podemos imprimir, transportar na traseira de um caminhão ou até mesmo de avião – o que parece coisa de ficção científica –, podem se tornar reais em um futuro não tão distante. Impelida pelas pressões do aquecimento global e do crescimento populacional e moldada pelas promessas de tecnologias como impressoras 3D, uma revolução está ocorrendo no futuro da construção civil em todo o planeta – especialmente nos centros urbanos.

Como habitantes do planeta Terra, precisamos repensar quase tudo o que sabemos sobre a forma como vivemos, especialmente nas cidades costeiras, uma vez que o mundo pode ser transformado pelo aumento do nível dos oceanos de maneiras que não somos capazes de antecipar, de acordo com Hans-Peter Plag, professor e diretor do Instituto de Pesquisa em Mitigação e Adaptação da Universidade Old Dominion, em Norfolk, Virgínia.

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“Construímos levando em conta o princípio de que o nível do mar não iria mudar muito. Essa época chegou ao fim. Por outro lado, viver em áreas costeiras é extremamente importante para nós. Por isso, precisamos encontrar um modo de viver no litoral, sem presumirmos que o nível oceânico é estável.”

Para complicar ainda mais o problema da perda de espaço, a população humana vai chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050. E, embora muitas cidades do mundo tenham que lidar com um crescimento populacional extraordinário, outras terão que se adaptar a novos padrões migratórios que podem deixá-las praticamente desertas.

“Veja o que acontece quando as cidades encolhem”, afirmou Cindy Frewen, arquiteta, urbanista e professora adjunta do Programa de Graduação Foresight, da Universidade de Houston. “Não é nada bom. Veja Detroit”. Quando um quarto da população da cidade foi embora entre 2000 e 2010, dezenas de milhares de edifícios se transformaram em áreas de risco, ao invés de lares.

Atualmente, 1 a cada 8 pessoas vive em favelas urbanas, até 2025, “é provável que 1,6 bilhão de pessoas ainda precisem de moradias adequadas e economicamente acessíveis”, de acordo com o Relatório das Cidades do Mundo feito pela ONU-Habitat em 2016. O relatório afirma que a moradia deve ir para o centro da discussão sobre o futuro das cidades se quisermos encontrar uma solução para esse enorme desafio global. “Ninguém resolveu o problema”, afirmou Cindy.

Behrokh Khoshnevis, professor de Engenharia na Universidade do Sul da Califórnia e diretor do Centro de Tecnologias de Fabricação Rápida Automatizada (ou CRAFT, na sigla em inglês), é um dos muitos inovadores que desejam aliviar a crise da habitação no futuro. “De alguma forma, temos que resolver o problema da moradia, que é a base da pirâmide das necessidades”, afirmou Khoshnevis.

Ele espera que seu método de construção por meio de impressão em 3D, que ele chama da Construção por Contornos, irá criar uma forma de construção com custo muito inferior ao atual. Embora não possa fazer nada em relação ao preço dos terrenos, Khoshnevis afirmou que sua tecnologia seria capaz de construir uma casa em um dia e derrubar o preço das construções em 30 por cento.

Para as cidades de um futuro distante, Khoshnevis e a NASA estão trabalhando em parceria para construir estruturas que utilizam a Construção por Contornos na superfície da lua e apenas com materiais encontrados lá. Caso o seu tataraneto resolva viver em Marte, essa pode ser uma das máquinas responsáveis por construir a casa dele.

Khoshnevis conta com a ajuda de algumas pessoas bastante poderosas. Eric Schmidt, diretor-executivo da Alphabet, a empresa controladora do Google, colocou recentemente a impressão 3D na lista de ideias que podem mudar radicalmente o futuro. “Podemos construí-las com materiais 100 por cento recicláveis. Essa é mais uma boa razão do ponto de vista ambiental”, afirmou Schmidt.

Arthur Mamou-Mani, diretor da Mamou-Mani Architects e da FabPub, além de professor na Universidade de Westminster, afirmou que os seres humanos terão muito mais condições de enfrentar os desafios e reagir com soluções criativas quando tiverem acesso a impressoras 3D e outras máquinas de fabricação.

Sua empresa imprime cadeiras para o Food Ink, restaurante que usa tecnologia de impressão em 3D para preparar alimentos. Ele afirma que uma grande mudança está a caminho e as pessoas serão capazes de customizar, baixar e imprimir itens como roupas, telhas, puxadores, carros e partes de máquinas, seja em casa ou no laboratório de fabricação mais próximo. Sites open-source como o WikiHouse, Instructables e Thingiverse encorajam o desenvolvimento de projetos com impressão 3D e cortes a laser, distribuindo instruções de como realizá-los. Uma vez que se tornem arquivos digitais, os objetos que compramos não estarão prontos, mas em constante transformação, afirmou Mamou-Mani.

Os tipos de arquivos aos quais as pessoas terão acesso vão abrir áreas que geralmente não fariam parte da construção de uma casa. Por exemplo, enquanto algumas pessoas falam sobre como drones poderiam mudar casas de lugar no futuro, Mamou-Mani afirmou: “A casa será o drone. Porque separar a parte que transporta do restante dela? Basta incluir o drone na construção”.

“Nossa geração é cada vez mais nômade, criada com companhias aéreas de baixo custo e muitas vezes trabalhando em casa com laptops, o que significa que transportá-las com a ajuda de um drone será algo normal no futuro, e como para qualquer pássaro migratório, as fronteiras entre os países parecerão uma relíquia absurda do passado.”

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